O Sonho que se tornou pesadelo: a vivência de um grupo de trabalhadores da indústria automobilística

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Silva, Mariana Pereira da
Orientador(a): Bernardo, Marcia Hespanhol
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16040
Resumo: Esta dissertação apresenta os resultados de uma “intervenção-pesquisa”, que está sendo assim denominada devido à relevância da intervenção em todo o processo. Desse modo, os objetivos foram promover uma intervenção em um grupo de reflexão sobre trabalho e saúde com trabalhadores de uma indústria automobilística e analisar o processo de saúde-adoecimento vivenciado por eles. Participaram 14 trabalhadores de uma mesma empresa, cuja forma de organização do trabalho e dos processos produtivos é característica do Toyotismo, um modelo de organização que estimula o individualismo, a competitividade, a terceirização, a flexibilização e, assim, pode favorecer os processos de adoecimento mental relacionados ao trabalho. Tais trabalhadores compartilharam suas vivências cotidianas relacionadas ao trabalho e refletiram sobre elas em um grupo, realizado no CEREST de Campinas - SP, ao longo de 11 encontros, durante o período de seis meses. O grupo tinha um caráter aberto e foi construído juntamente aos participantes. As informações compartilhadas por eles mostraram que, inicialmente, desejavam muito ingressar na empresa e, ao serem admitidos, sentiam ter realizado um sonho. Com o passar do tempo, no entanto, esse sonho se tornou pesadelo, na medida em que vivenciavam um contexto de violência psicológica e exigências por alto ritmo de produção, o que acabava favorecendo o desenvolvimento de lesões físicas. Com isso, o sofrimento mental relacionado ao trabalho foi se intensificando, pois os trabalhadores lesionados eram excluídos, humilhados e reinseridos ao trabalho em funções incompatíveis. Nesse sentido, no grupo de reflexão, se discutiu, por meio de rodas de conversa e utilização de materialidades mediadoras, temas como o trabalho no capitalismo, o discurso flexível, a culpabilização dos trabalhadores pelo adoecimento, suas histórias de vida, novos projetos de vida, a união e a solidariedade entre eles, entre outros exemplos. Pode-se dizer que essa modalidade de grupo auxiliou na promoção de elementos para o desenvolvimento de reflexões mais críticas pelos trabalhadores, que encerraram os encontros sentindo-se menos culpados, mais fortalecidos, unidos, solidários uns aos outros, mais ativos e responsáveis pela transformação social.