Interação entre vertebrados e frutos/sementes em uma floresta de igapó na Amazônia central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Antunes , Ana Carolina
Orientador(a): Barnett, Adrian A.
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12019
Resumo: Em florestas de igapó, a dinâmica da água durante a vazante dos rios é responsável pela formação de agregados de sementes. As interações animal-planta que ocorrem nesse ambiente, bem como a influência dos agregados de sementes na ocorrência de vertebrados frugívoros e granívoros são desconhecidas. Este trabalho está dividido em dois capítulos e investigamos i) a possível interação entre roedores e frutos/sementes baseado na dimensão das mordidas deixadas nos frutos e ii) o papel dos agregados de sementes no uso do habitat por espécies de vertebrados em uma área de floresta de Igapó, no Parque Nacional do Jaú. Roedores possuem dentição altamente especializada, e as dimensões dos incisivos são características para cada espécie. No capítulo um, testamos uma metodologia raramente utilizada: usamos as marcas deixadas pelos dentes incisivos de roedores em frutos e sementes para a identificação desses consumidores. A largura das marcas dos incisivos, feitas em blocos Plasticine ™ utilizando crânios de coleções de museus, foram comparadas com as marcas deixadas em frutos e sementes coletados em campo. Foi confirmada a existência de relação alométrica entre a largura dos incisivos e o tamanho do corpo. Além disso, frutos maiores e mais duros mostraram marcas de mordidas maiores em comparação com frutos/ sementes menores e macios, indicando a importância do tamanho do fruto e dureza na seleção do item pelo roedor. Baseado nas medidas de largura dos incisivos, os resultados também mostraram que os frutos/ sementes menores são usados por um menor número de espécies de roedores, em comparação com frutos de tamanho maior, sendo estes mais susceptíveis ao consumo. Devido à sobreposição no tamanho do corpo das espécies, este método não proporcionou identificações precisas dos roedores que consomem itens específicos, mas em média reduziu o conjunto das prováveis espécies em 46%. Quando utilizado paralelamente a outros métodos, esta técnica é viável devido ao fácil uso e baixo custo. No capítulo dois, utilizei armadilhas fotográficas em áreas com e sem a presença dos agregados de sementes, para avaliar a possível relação entre esses locais de acúmulo e a presença de espécies de aves e mamíferos. Foi observado que a presença dos agregados não está relacionada com maior ocorrência da assembléia de vertebrados. No entanto, há uma relação positiva entre a ocorrência de predadores e a distribuição espacial da assembléia de vertebrados, demonstrando que esses predadores podem estar seguindo suas presas potenciais no igapó não inundado. A ocorrência generalizada destes animais pelo igapó, não apenas concentrando-se onde ocorrem altas densidades de recursos alimentares, parece ser a estratégia usada para selecionar os itens alimentares mais favoráveis, evitando o maior risco de predação ao forragear por períodos prolongados nos locais onde as sementes estão agregadas. Em conjunto, nossos resultados reforçam a importância potencial de florestas de igapó como um habitat-chave para uma variedade de taxas terrestres de terra firme, e abrem caminho para estudos adicionais.