Distribuição e estrutura da população de quatro espécies madeireiras em uma floresta sazonalmente alagável na reserva de desenvolvimento sustentável Mamirauá, Amazônia central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Marinho, Tatiana Andreza da Silva
Orientador(a): Wittmann, Florian Karl
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Botânica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12699
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4764778E2
Resumo: As várzeas amazônicas abrangem uma área de cerca de 200.000 Km2 e são periodicamente inundadas por rios de água branca ricos em sedimentos oriundos dos Andes e encostas pré-andinas. As florestas de várzea estão ameaçadas pelo desmatamento para a agricultura e a bovinocultura, além da intensa exploração de espécies madeireiras de forma insustentável. O objetivo deste estudo foi descrever a distribuição espacial e a estrutura da população de quatro espécies madeireiras em função de variáveis ambientais em uma floresta de várzea alta na RDS-Mamirauá, para auxiliar na elaboração de planos de manejo sustentáveis destas espécies. O estudo foi conduzido no setor Jarauá na RDS-Mamirauá, no município de Alvarães, AM. Uma área de 7,5 hectares foi amostrada, onde todos os indivíduos com altura ≥ 1,0m das espécies Hura crepitans, Guarea guidonia, Sterculia elata e Ocotea cymbarum foram mapeados e tiveram a altura e o diâmetro medidos. Foram estimadas área basal, volume e biomassa acima do solo nas populações das quatro espécies. A altura e a duração da inundação máxima de 2006 foram medidas em todos os indivíduos e calculadas para anos anteriores com base no nível de água registrado no porto de Manaus desde 1903. Os níveis de radiação fotossinteticamente ativa (rPAR) foram registrados nos indivíduos ≤10 cm DAP (diâmetro na altura do peito). Um total de 344 indivíduos foi amostrado. Ocotea cymbarum foi a espécie que apresentou o maior número de indivíduos (n=128), seguido por Hura crepitans (n=91), Guarea guidonia (n=83) e Sterculia elata (n=42). Do total de indivíduos amostrados de cada espécie, Hura crepitans e Sterculia elata foram as que apresentaram a maior proporção de indivíduos com diâmetros ≤ 10 cm (51,6% e 62,7%, respectivamente), indicando uma alta taxa de estabelecimento nestas espécies. A espécie Hura crepitans apresentou os maiores valores de área basal, volume e biomassa acima do solo. As populações de Guarea guidonia, Hura crepitans, Ocotea cymbarum e Sterculia elata foram sujeitas à altura média da coluna de água de 0,10±0,08m, 0,31±0,23m, 0,36±0,22m e 0,16±0,15m, correspondendo a um período de inundação de 10,9±7,4 dias ano-1, 27,4±18,0 dias ano-1, 31,5±17,0 dias ano-1 e 15,9±13,3 dias ano-1, respectivamente. Os níveis médios de rPAR das populações foram: 3,2±1,8% para Hura crepitans; 2,5±1,4 % para Sterculia elata; 1,9±0,7% para Ocotea cymbarum e 1,5±0,6% para Guarea guidonia. As maiores variações topográficas na distribuição de Ocotea cymbarum e Hura crepitans indicam que estas espécies apresentam uma amplitude ecológica de inundação mais ampla do que Sterculia elata e Guarea guidonia. Apesar da pequena variação e dos baixos valores de rPAR encontrados na área de estudo, os diferentes requerimentos por luz sugere diferentes nichos para as quatro espécies. A estrutura populacional das quatro espécies mostra que todas apresentam indivíduos que ultrapassam o diâmetro mínimo de corte de 50 cm estabelecido pela instrução normativa do IBAMA. Entretanto, a densidade de indivíduos ultrapassando esse diâmetro é muito baixa na área investigada. Se manejadas segundo esta instrução, as populações das quatro espécies em estudo podem correr risco de extinção na área. Por serem localizadas em regiões topograficamente altas, florestas de várzea alta estão sujeitas a uma baixa influência da dinâmica hidro-geomorfológica. Contudo, as variações micro-topográficas parecem afetar diretamente na distribuição das espécies arbóreas estudadas nessas áreas.