Raiva humana transmitida por morcegos: surtos ocorridos no Pará no século XXI

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Andrade, Jorge Alberto Azevedo
Orientador(a): Mattos, Haroldo José
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MS/SVS/Instituto Evandro Chagas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://patua.iec.gov.br/handle/iec/6748
Resumo: A raiva humana é uma doença transmitida de animais para humanos, causada pelo vírus da raiva, do gênero Lyssavirus, família Rhabdoviridae. No século XXI ocorreram três surtos de raiva humana no Estado do Pará, nos anos de 2004 (Portel, Viseu), 2005 (Augusto Corrêa, Viseu) e 2018 (Melgaço), vitimando 49 pessoas. Objetivou-se com essa pesquisa analisar o perfil clínico-epidemiológico, a dinâmica temporal e a distribuição espacial dos casos de raiva humana transmitidas por morcegos e o número de atendimentos antirrábicos por ocasião dos surtos. Procedeu-se à coleta de dados através do banco de dados de raiva humana e atendimento antirrábico do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). Foi realizada uma pesquisa quantitativa com o tipo de estudo epidemiológico analítico e retrospectivo. Foram analisados 49 casos confirmados de raiva humana, tendo Portel e Augusto Corrêa com 30,61% dos casos; Viseu 18,37% e Melgaço 20,41%. A faixa etária mais incidente em Portel foi de 1 a 14 anos com 60% dos casos, em Augusto Corrêa foi de 80% na mesma faixa etária, já em Viseu a faixa etária entre 1 e 24 anos apresentou 67% dos casos e em Melgaço 90% dos casos foram na faixa etária de 1 a 14 anos. A menor média de tempo entre a data dos primeiros sintomas e a data da notificação foi em Melgaço com 8 dias e a média entre a data de internação e data dos primeiros sintomas dos casos foi de apenas 2 dias em Viseu. A sobrevida dos pacientes a partir dos primeiros sintomas foi maior em Melgaço com média de 16 dias. Augusto Corrêa apresentou o maior percentual de confirmação laboratorial com 66,67% dos casos residentes no município. As notificações de atendimento antirrábico em Portel, 81,43% tiveram como o principal animal transmissor da doença o morcego, em Viseu 70,65%, 70,54% em Augusto Corrêa e 98,05% em Melgaço. O teste de Log Rank (Mantel-Cox) na análise de sobrevivência, não comprovou a hipótese da existência de diferença entre as datas de exposição e o óbito (p-value = 0,361). Não há diferenças nas distribuições de sobrevivência nos municípios (p-value = 0,001) para as diferenças de datas de primeiros sintomas e óbito. Não houve diferenças nas distribuições de sobrevivência entre os municípios em relação à data de internação e óbito, pois p-value = 0,000 < 0,05. Houve redução na incidência de raiva humana no período entre 2004 e 2018, e pouca mudança no perfil epidemiológico, predominando casos em menores de idade e zona rural; sugere-se melhorar o processo de investigação epidemiológica dos casos, melhorar a profilaxia de pré e pós-exposição e melhor assistência aos casos de raiva humana nas populações sob maior risco de acidentes com morcegos, principalmente as populações ribeirinhas.