Imunopatologia da raiva na medula espinhal durante a cinética de infecção experimental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Vinicius Pacheco da
Orientador(a): Casseb, Livia Medeiros Neves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MS/SVSA/Instituto Evandro Chagas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://patua.iec.gov.br/handle/iec/6965
Resumo: A raiva é uma encefalomielite zoonótica que afeta humanos e demais mamíferos, causada pelo Lyssavirus rabies (RABV), um vírus neurotrópico que é transmitido principalmente por mordedura, arranhadura ou lambedura de animais infectados. Embora o envolvimento da medula espinhal na patogênese da raiva esteja descrito, a imunopatologia da infecção rábica neste tecido permanece pouco esclarecida. O presente estudo buscou avaliar mecanismos imunopatológicos da raiva na medula espinhal lombar de camundongos infectados experimentalmente com a variante antigênica 3 (VAg3) do RABV, proveniente de morcego hematófago da espécie Desmodus rotundus. Empregando-se uma combinação de análises imuno-histoquímicas, histopatológicas e estatísticas, investigou-se a cinética da resposta imune ao longo de 21 dias, além lesões microscópicas produzidas pelo RABV na medula espinhal lombar de camundongos BALB/c. Os achados sugerem que o RABV induz uma resposta pró-inflamatória na medula espinhal, caracterizada pela elevada expressão de RIPK1, NLRP3 e caspase-8, bem como de proteínas associadas à morte celular por apoptose (caspase-3) e necroptose (MLKL). Além disso, observou-se pouca expressão de marcadores anti-inflamatórios e imunossupressores, como IL-10 e FOXP3, e também, lesões histopatológicas discretas, caracterizadas por congestão, edema celular, tumefação neuronal, infiltrado mononuclear e neurônios necróticos. O estudo sugere que a limitada resposta anti-inflamatória, em conjunto com as especificidades de patogenicidade da cepa do RABV, pode ter facilitado a resposta polarizada para a pró-inflamação observada na medula espinhal. Ainda, a importante expressão de MLKL e caspase-3, pode indicar a ocorrência de necroptose e apoptose, possivelmente de maneira simultânea, o que pode ter contribuído para a redução da expressão do antígeno viral ao longo da cinética. Por fim, hipotetiza-se que as lesões histopatológicas discretas possam ser atribuídas às especificidades da variante viral. Os resultados obtidos neste estudo fornecem novos insights sobre a resposta imunológica e histopatológica induzida pelo RABV, e destacam a importância de investigações com foco na medula espinhal, para obter uma ampla compreensão da imunopatogênese da raiva.