Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2009 |
Autor(a) principal: |
Fernandes, Elaine Raniero |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-09122009-171548/
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Resumo: |
A raiva é uma doença do sistema nervoso central que é quase invariavelmente fatal. Apesar de causar cerca de 60.000 mortes/ano, a raiva ainda permanece uma doença negligenciada na maioria dos países, principalmente naqueles em desenvolvimento. O objetivo do nosso estudo foi verificar nos microambientes meningeal, perivascular e intraparenquimatoso do sistema nervoso central, o processo inflamatório, a resposta imune do hospedeiro e a morte dos neurônios frente à infecção rábica transmitida por morcegos. Verificamos que a raiva humana transmitida por morcegos é uma meningoencefalomielite. Através de reação imuno-histoquímica caracterizamos e quantificamos in situ a distribuição do antígeno viral, o fenótipo de células inflamatórias, as células expressando citocinas pró inflamatórias, citocinas representativas de padrão Th1 e Th2 e células em apoptose. O antígeno viral foi encontrado difusamente no parênquima cerebral, em maior abundância em neurônios, não diferindo sua distribuição em relação as regiões cerebrais. As células da glia, em especial os astrócitos, estavam imunomarcadas com o antígeno da raiva, assim como as células endoteliais e células mononucleadas da luz vascular. Esses achados contribuíram para a hipótese da ocorrência de uma via hematogênica alternativa de disseminação viral, através da infecção de células endoteliais pelo vírus, posterior infecção de astrócitos e finalmente infecção de neurônios. A expressão significativa de IL-12 nos pacientes rábicos provavelmente traduz imunidade de base preservada. Identificamos, outrossim, falta de resposta efetiva das células NK e comprometimento da resposta imune adaptativa seqüencial, demonstrada pela depleção de linfócitos TCD4+ no parênquima cerebral, prejuízo da atividade citotóxica dos linfócitos TCD8+ com proporcionalmente baixa expressão de granzima e expressão rarefeita de IFN-g e IL-2r. Essa situação deve ser reflexo da manipulação do vírus sobre a resposta imune inata e adaptativa do hospedeiro tendo como conseqüência uma reposta ineficaz para clareamento do vírus. A expressão aumentada de citocinas pró-inflamatórias (IL-1b, IL-6 e TNF-a) contribuiu para o dano neuronal. O padrão citocínico predominante no sistema nervoso central na raiva foi o Th2, com alta expressão de IL-4 e IL-10. O TGF-b aumentado nos casos de raiva favorece um ambiente imunossupressor para manter intacta a rede neuronal, mas também contribui para permanência local do vírus. A verificação de grau pouco acentuado de neurônios apoptóticos em contraposição a apoptose expressiva de linfócitos TCD4+ e TCD8+, indicaria a utilização pelo vírus de mecanismos ora anti-apoptóticos para preservar neurônios e favorecer a disseminação viral, ora pró-apoptóticos, destruindo linfócitos e atenuando o processo inflamatório. Em síntese, o envolvimento do sistema nervoso central em decorrência da raiva se faz às custas de processo inflamatório com predomínio local de linfócitos TCD8+, um padrão Th2 de expressão de citocinas, acometendo os microambientes meningeal, perivascular e intraparenquimatoso, sendo o bulbo a região mais afetada pelo processo. |