Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Caetano, Letícia Farias |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.furg.br/handle/1/8325
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Resumo: |
Esta Dissertação tem por objetivo investigar o discurso do mal-estar docente produzido no Facebook e como este vem incidindo nos modos de ser e exercer a docência na contemporaneidade. Para isso, apoio-me nos estudos pós-estruturalistas e em alguns conceitos-ferramentas de Michel Foucault, tais como governamento e processos de subjetivação. Analiso nessa pesquisa algumas postagens publicadas nas páginas "Professores Sofredores", "Professora Indelicada" e "Pedagogia da Depressão", durante o período de 2012 até junho de 2016, assim como os comentários dos professores feitos nessas páginas. A escolha por essas páginas deu-se devido ao maior número de seguidores. Ao selecionar meu material empírico, produzo cinco categorias analíticas, quais sejam: 1) Professor, o salvador da nação: práticas pastorais reconfiguradas ao exercício docente contemporâneo; 2) Mal-estar docente; 3) Medicalização docente: a proliferação de doenças físicas e psíquicas como produtores da Biodocência; 4) "Desculpe o desabafo": a sociedade da hiperconfissão como constituinte das "extimidades docentes" e 5) Entre a ironia e a contestação: possíveis movimentos de resistência e contraconduta. Ao analisar o primeiro eixo percebi que alguns discursos sobre a docência vinculam-se as práticas do poder pastoral, estudado por Michel Foucault. Nesses discursos encontramos expressões como missão, vocação, amor, renúncia, sacrifício, etc., que aparecem associados ao exercício docente. Na segunda unidade analítica apresento algumas contribuições deixadas por Esteve (1999) ao discutir sobre o mal-estar docente. Nesse estudo, o autor traça alguns motivos que vêm agravando o processo de mal-estar sentido pelos professores: problemas de relacionamento entre colegas de profissão, pais e alunos, desvalorização salarial, excesso de atribuições destinadas à função docente, etc., são alguns dos indícios analisados. Ao olhar para os discursos dos professores no Facebook percebi algumas recorrências, aproximando-se das discussões de Esteve. Já na terceira unidade venho discutindo sobre o processo de medicalização docente. Nesta, visualizo que algumas causas sociais são transformadas em patologias, em descrições médicas que precisam ser diagnosticadas e tratadas com o uso de medicamentos. Muitos professores afirmam não conseguir exercer a docência sem o uso de remédios, indicando uma preocupante constatação. Essa recorrência discursiva aproxima-se das discussões de Caliman (2013), pois a autora afirma que estamos vivendo em uma era das cidadanias biológicas em que os corpos dos sujeitos são marcados por doenças. Assim, produzo o conceito que venho sustentando nessa pesquisa de Biodocência, pois entendo que algumas doenças físicas e também psíquicas vêm marcando e constituindo as formas de ser professor na contemporaneidade. Na quarto eixo dessa investigação analiso alguns desabafos dos professores feitos nas páginas virtuais. São queixas e lamúrias de seu exercício docente que são confessadas publicamente, esmaecendo as fronteiras entre o público e o privado, aproximando-se das discussões de Sibilia (2008) sobre o conceito de extimidade. E na última seção mostro como algumas postagens e narrativas dos professores estão associadas a um movimento de contraconduta, discutido por Foucault. São discursos fortemente marcados por um tom de ironia, ou que se manifestam de forma contrária ao que está posto em certos memes, criados pelas páginas. Assim, em cada categoria analisada, fui percebendo que o discurso do mal-estar docente produzido no Facebook vincula-se a outros tantos discursos, como o da missão, o da medicalização, o da hiperconfissão e o da contestação, e que todos esses discursos vêm operando estratégias de governamento e agindo nos processos de subjetivação docente. |