Os impasses do sujeito-pedra: expressões do mal-estar contemporâneo na literatura e na clínica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Tavelin, Cristina Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-11092023-151101/
Resumo: O mal-estar contemporâneo se apresenta na clínica por meio de formas de subjetivação complexas que excedem a descrição dos manuais diagnósticos e da própria metapsicologia psicanalítica. O campo literário oferece formas de compreensão que abrangem outros vértices da experiência humana e podem ser de grande valor para ampliar a escuta clínica, destacando-se a dimensão estética e paradoxal da poesia. Diante disso, o objetivo desta pesquisa interdisciplinar foi apontar as possíveis intersecções entre a voz lírica contemporânea do sujeito-pedra que aparece nos poemas de Francisco Alvim, Rubens Rodrigues Torres Filho e Sebastião Uchoa Leite e o sofrimento psíquico na atualidade. Nesse sentido, realizamos a explanação sobre o mal-estar do ponto de vista da psicanálise, compreendendo esta como discurso inserido na modernidade que fornece ferramentas críticas aos modos de vida incorporados com o avanço do capitalismo. Em um segundo momento, caracterizamos a voz do sujeito-pedra no contexto da literatura contemporânea brasileira para posterior diálogo entre os campos. A metodologia psicanalítica foi utilizada para explorarmos a seguinte hipótese: a voz do sujeito-pedra, que transcende os autores e aponta para um mal-estar mais amplo, poderia mobilizar aspectos importantes para a escuta clínica? Com esse objetivo, foram selecionados quatro casos clínicos, colocados em diálogo com os poemas. Como resultado, identificamos alguns pontos de confluência: a predominância da categoria espaço em detrimento da categoria tempo, a redução da linguagem e a alteração do lugar do eu enquanto sujeito e objeto. Entre as reflexões abertas pelo campo da literatura, destaca-se a necessidade de uma abordagem mais ampla no que concerne aos fenômenos estéticos, incluindo a compreensão da linguagem para além do âmbito verbal e da alteridade não restrita às relações intersubjetivas.