A medicalização da educação e o mal-estar contemporâneo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Bezerra, Daniel Alves de Farias lattes
Orientador(a): Melo, Rosane Braga de lattes
Banca de defesa: Melo, Rosane Braga de, Silva, Luna Rodrigues Freitas, Lima, Rossano Cabral
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Departamento: Instituto de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/19320
Resumo: Nas últimas décadas, a escola tem sido marcada por certa lógica de atuação que compreende as dificuldades apresentadas por seus aprendizes como sinais provenientes de alterações orgânicas em suas estruturas físicas, ou, mais especificamente, cerebrais. De acordo com as pesquisas citadas, há um número crescente de diagnósticos de crianças e adolescentes com dificuldades de ensino-aprendizagem que recebem a prescrição de medicamentos como única via de resolução para estes problemas. A proliferação de novos transtornos e o modo de agir diante dos impasses na escola indicam a incidência discursos que merecem ser investigados. Este trabalho teve como objetivo articular a medicalização na escola e os modos de tratamento do mal-estar contemporâneo, em uma pesquisa bibliográfica que buscou referências nos conhecimentos produzidos pela Psicologia Escolar e Educacional Crítica, pela Psicanálise e pela Medicina Social. A contribuição de Sigmund Freud sobre o mal-estar na cultura nos mostra que há um irremediável antagonismo entre as exigências pulsionais que o ser humano naturalmente apresenta e as restrições impostas pela cultura. Para manter a vida social é fundamental a renúncia pulsional, e o saldo subjetivo dessa renúncia é a inescapável sensação de mal-estar. O resultado do estudo aponta que o processo de medicalização, em seu vínculo estrito com o discurso capitalista, marcado pela lógica do consumo, e o discurso da ciência, com seu aspecto de universalização, busca ocupar a lacuna do desejo insatisfeito, oferecendo as promessas de satisfação plena pela via do consumo, e ausência de dor pelo silenciamento dos sintomas no corpo. Assim, a resposta oferecida por estes discursos ao mal-estar na escola inclui: 1) a patologização do aluno que é considerado problema a partir do seu enquadramento em diagnósticos como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Opositor Desafiador (TOD); 2) a inibição das pulsões do sujeito aprendiz por via medicamentosa, cujo objetivo é a eliminação dos “sintomas”, ou seja, o comportamento que causa incômodo, gerando adaptação às expectativas dos educadores. O estudo da medicalização como um termo crítico que denuncia a expansão de jurisdição médica sobre questões escolares se revelou fundamental para o desenvolvimento deste estudo.