Não há amanhã: o mal-estar em três romances de 30

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Furtado, Pedro Barbosa Rudge [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/235321
Resumo: O objetivo da tese é investigar a representação do mal-estar em três romances brasileiros da década de 1930. São eles: "Calunga", de Jorge de Lima, "São Bernardo", de Graciliano Ramos e "O amanuense Belmiro", de Cyro dos Anjos, publicados, respectivamente, em 1935, 1934 e 1937. Essas três narrativas, além de outras do mesmo decênio, figuram a construção de personagens solitárias vivendo a aporia existencial. A falta de vislumbre do futuro é suscitada por dois afetos principais que são movimentados, amiúde, pela crise de angústia: a melancolia e a nostalgia. Eles são estudados, para além dos sentimentos derivados desses afetos (como a culpa e o ressentimento do melancólico e a fantasia e o passadismo do nostálgico), com base, sobretudo, em concepções psicanalíticas e filosóficas encontradas, principalmente, em “Luto e melancolia”, de Sigmund Freud, "A tinta da melancolia", de Jean Starobinski, entre outros. No que tange à análise interpretativa das narrativas, baseamo-nos, especialmente, na noção de crítica integradora de Antonio Candido, formulada em "Literatura e sociedade", a fim de agregar, quando possível, tensões psicológicas, ontológicas e histórico-sociais irradiadas pelo texto. Em "Calunga", o mal-estar é engendrado pelos conflitos psíquicos do protagonista civilizador em choque com a rede histórico-social e cultural do outro. Tanto em "São Bernardo" quanto n’"O amanuense Belmiro", destacamos os antagonismos do mundo interior dos protagonistas em parcial contraste com os numerosos e importantes ensaios de crítica social sobre essas narrativas. No romance de Graciliano Ramos, mostramos como a autobiografia de Paulo Honório é construída pelo afeto melancólico e suas variações, em um infindável e doloroso processo de luto, negando, a si, a edificação do amanhã. No romance de Cyro dos Anjos, analisamos como a mente fantasista e nostálgica de Belmiro cria impasses insolúveis em relação à sua vivência, ou a falta dela, no tempo presente. A partir do exame da fortuna crítica dos três romances e do nosso embasamento teórico, apresentamos modulações diferentes da tristeza. Em comum, há sujeitos solitários que, segregados do corpo social, rejeitam o campo de possibilidades em um momento histórico de polarização política regido pelo novo, através do comunismo ou do fascismo.