Experiências da população trans e travesti na Atenção Primária no município do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Andrade, Jéssica Iaci Cruz de
Orientador(a): Silva, Kátia Silveira da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/52222
Resumo: O acesso da população trans e travesti ao Sistema Único de Saúde tem sido abordado na literatura sob a perspectiva do processo transexualizador e dos cuidados às pessoas vivendo com o HIV, verificando-se uma crescente discussão sobre a despatologização da transexualidade e a necessidade de se garantir o cuidado integral a essa população. Apesar da Atenção Primária se expandir no Brasil e ter como um de seus princípios a integralidade do cuidado, existem poucos trabalhos que envolvem a temática de cuidados em saúde prestados pela saúde da família à população trans e travesti. Essa dissertação apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa exploratória com o objetivo de analisar as experiências da população trans e travesti sobre o cuidado oferecido pela Atenção Primária no município do Rio de Janeiro. Foram contactadxs oito voluntárixs com experiência em uma unidade da Atenção Primária no município do Rio de Janeiro e que se autodeclararam fora dos padrões tradicionais de identidade de gênero estabelecidos ao nascimento. Xs voluntárxs souberam da pesquisa através de redes sociais voltadas à saúde da população trans e travesti e pela estratégia bola de neve. Seis pessoas aceitaram participar da pesquisa: foram entrevistadxs três mulheres trans, duas travestis e um não-binárie, através do método História Oral de Vida, que permitiu conhecer não somente os aspectos biográficos dxs entrevistadxs como suas percepções relacionadas à assistência em saúde. Os resultados da discussão apresentam as principais demandas em saúde trazidas pelxs entrevistadxs, relacionadas a problemas ou condições comuns à população geral – resolução de demandas agudas, diagnóstico e acompanhamento de doenças crônicas (HIV) e demandas de saúde mental – assim como questões específicas ao cuidado da população trans e travesti, a exemplo das demandas por modificações corporais. As situações de violência foram um aspecto marcante na trajetória de todxs xs entrevistadxs, tendo sido criado um tópico específico para detalhar também as percepções sobre acolhimento e discriminação nas unidades de Atenção Primária. Desta forma, os resultados foram divididos em três categorias: 1) Demandas; 2) Cuidados Específicos; 3) Acolhimento e Violência. Entende-se que a construção de um cuidado mais humanizado pela Atenção Primária envolve não somente a despatologização da transexualidade, como a compreensão das múltiplas vulnerabilidades e dos processos de estigmatização vividos pela população trans e travesti, que trazem impacto direto na construção de suas redes de apoio, assim como sobre sua saúde mental.