Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Soares, Luciano Silveira |
Orientador(a): |
Njaine, Kathie |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/27920
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Resumo: |
O presente estudo é uma pesquisa qualitativa que analisa as percepções de travestis e transexuais residentes nas comunidades do Complexo de favelas da Maré e da Cidade de Deus sobre os serviços de saúde utilizados. Foram realizados grupos focais nas duas regiões com 19 participantes. Posteriormente foram realizadas mais quatro entrevistas individuais a fim de aprofundar algumas questões relacionadas a possíveis barreiras de acesso aos serviços de saúde, totalizando 23 participantes. As entrevistas foram analisadas a partir da análise temática de Bardin e os principais temas analisados se referem: às vivências de violências e violações de direitos nos serviços de saúde; às especificidades e necessidades em saúde; às sugestões do grupo investigado para serviços mais acessíveis. Foi possível verificar que o acesso de pessoas trans aos serviços de saúde, muitas vezes revela a intolerância e a baixa compreensão que profissionais de saúde possuem sobre as questões relacionadas à identidade de gênero e suas singularidades, comprometendo a integralidade e o cuidado em saúde prestado. A heteronormatividade inscrita nas práticas profissionais, assim como expressões de transfobia, vem contribuindo para múltiplas violências e vulnerabilidades que se sobrepõem a esse grupo. O não reconhecimento das expressões de gênero aliado à violação do direito ao uso do nome social, à falha no sigilo das informações pós-atendimento e à necessidade da psiquiatrização da sua identidade de gênero caracterizaram as principais barreiras de acesso aos serviços de saúde nas duas regiões pesquisadas. Destacam-se as formas resistência criadas por travestis e transexuais para conseguir driblar e lidar com os constantes episódios de violências psicológicas vivenciados nos serviços de saúde. A busca por serviços mais humanizados, como os ambulatórios especializados com profissionais conhecidos e referenciados por outros/as usuários/as fizeram parte das estratégias para garantir o cuidado em saúde e o acolhimento de suas demandas. Para o grupo pesquisado, outras condições estigmatizantes devem ser levadas em conta por se articularem à questão de gênero, tais como raça, etnia, origem geográfica, escolaridade, profissão, idade, pobreza, aparência física ou ainda ser portador/a de infecções sexualmente transmissíveis, além de outros marcadores sociais. Tais determinantes sociais associados às violências psicólogicas, físicas e sexuais vivenciadas e ao estigma atrelado às identidades travestis e transexuais reforçam a exclusão social e podem contribuir para o adoecimento e agravo da saúde física e mental nesta população. |