O acesso de homens trans e pessoas transmasculinas à atenção básica de Porto Alegre: reflexões a partir do perfil dos usuários vinculadas ao Ambulatório T

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Thomazi, Guilherme Lamperti
Orientador(a): Neves, Matheus
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/257272
Resumo: Introdução: Com o advento do processo transexualizador no Sistema Único de Saúde em 2013 e a Política Nacional de Saúde Integral LGBT em 2017 as discussões sobre o acesso da população trans ao SUS aumentaram consideravelmente. Porém, o Brasil ainda é o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo, tendo um forte recorte de raça. Levando em consideração esses dois fatos, homens trans e pessoas transmasculinas são invisibilizados em ambas as áreas, nas pesquisas de saúde e nos levantamentos de assassinatos. Objetivos: Identificar o perfil dos homens trans e pessoas transmasculinas cadastrados no Ambulatório T da Atenção Primária à Saúde de Porto Alegre de agosto de 2019 à agosto de 2021 Percurso metodológico: Este estudo se caracteriza como um estudo transversal descritivo, de abordagem quantitativa que usou o banco de dados e prontuários do serviço, os resultados estão apresentados em número total e porcentagem. Resultados: De sua inauguração até o aniversário de dois anos de funcionamento, o serviço cadastrou 526 homens trans e 39 transmasculinos, optei por utilizar apenas usuários com as variáveis completas para construção do perfil, totalizando 384 homens trans e 34 transmasculinos. Em relação a idade 221 (57,55%) homens trans e 29 (67,65%) dos transmasculinos têm entre 20 e 29 anos. A média das idades dos usuários no serviço é de 25,84 anos, sendo 25,53 anos para homens trans e 25,32 anos para transmasculinos. Dos homens trans, 299 (77,86%) se autodeclaram brancos, 57 (14,84%) pretos, 25 (6,51%) pardos e 3 (0,78%) amarelos. Já no grupo de transmasculinos, 29 (85,29%) são brancos e 5 (14,71%) pretos. Entre os homens trans brancos, 189 (63,21%) têm, no mínimo, o ensino médio completo, contra 23 (79,31%) dos transmasculinos brancos. Apenas 128 (30,62%) dos usuários têm emprego formal e 63 (15,07%) retificaram o nome e gênero. Considerações finais: Tais dados mostram a importância do ambulatório no ingresso de homens trans e transmasculinos na AB do município, população historicamente excluída dos serviços de saúde. Porém, as pessoas que acessam o serviço são em sua maioria jovem, branca e com alta escolaridade, perfil antagônico ao dossiê de pessoas trans e travestis assassinadas no Brasil, majoritariamente composto por pessoas negras e de baixa escolaridade. Dessa forma é necessário se pensar estratégias para aumentar a presença de homens trans e transmasculinos negros, mais velhos e com baixa escolaridade, não só ao ambulatório mas a rede de saúde do município.