Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2008 |
Autor(a) principal: |
Lenzi, Márcia de Freitas |
Orientador(a): |
Ferreiro, Aldo Pacheco |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4546
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Resumo: |
Com o passar dos anos, a organização social de cidades como o Rio de Janeiro se alterou devido ao empobrecimento e a uma fraca política de habitação enfrentados por um grande setor da população ocasionando o incessante surgimento e crescimento de favelas. Em decorrência da falta de implementação de políticas sociais suficientes nas últimas décadas, o crescimento das populações pobres vem se dando não só nas áreas periféricas, mas também nos grandes centros urbanos, agravando ainda mais o programa de controle do dengue. A despeito dos esforços empreendidos para controlar essa endemia e buscar a participação efetiva da população na tarefa preventiva, as estratégias utilizadas nas ações de Comunicação, Educação em Saúde e Mobilização Social são repetitivas, sazonais e padronizadas, desconsiderando aspectos sociais, culturais e históricos na elaboração de intervenções mais próximas à população. A teoria das representações sociais foi utilizada neste estudo com o intuito de aproximação do senso comum, das vulnerabilidades existentes, e também das formas de enfrentamento desenvolvidas por uma população de favela moradora do Parque Oswaldo Cruz, localizada no Complexo de Favelas de Manguinhos - Município do Rio de Janeiro, marcada por grandes desigualdades sociais, traduzidas pelas altas taxas de analfabetismo e elevado índice de pobreza, além de uma alta taxa de incidência de dengue ao longo das três grandes epidemias no Estado do Rio de Janeiro. Resultante deste trabalho, pode-se observar que o dengue não é considerado um problema de saúde de alta prioridade para essa comunidade, tendo as doenças crônico degenerativas um grau de importância maior por essas afetarem mais efetivamente a capacidade para o trabalho e representar um maior risco à vida. Entretanto, nota-se que, devido às epidemias passadas, e em particular a última ocorrida no ano de 2002, o dengue é uma grande preocupação entre os moradores da área visitada. As representações da doença refletem a apreensão das informações sobre prevenção, mas não a compreensão da razão pela qual se deva praticá-las; percebe-se, inclusive, uma resistência quanto a leitura de folhetos, preferindo-se as informações veiculadas pela televisão. Uma representação importante em relação ao dengue observada neste estudo é o estigma da sujeira vinculado a pobreza, refletida em hábitos de higienização para a prevenção. As representações sociais apreendidas nesse grupo fizeram transparecer algumas vulnerabilidades vividas e refletidas nas ações de controle do dengue. Por exemplo, percebe-se que vulnerabilidade individual aumenta quando os comportamentos preventivos são orientados por uma lógica ineficaz ao controle do dengue, como a relacionada a higienização do ambiente (ter higiene, cuidar da casa, usar desinfetante, ferver água). As vulnerabilidades sociais mais evidentes são o semi- analfabetismo predominante e a pobreza. Além de evidentes, as vulnerabilidades enfrentadas pela população do Parque Oswaldo Cruz se fazem presentes nas representações do dengue, mostrando como a realidade interfere no imaginário social e vice-versa, contextualizando os riscos que o grupo de moradores corre em relação à infecção. Com base nos dados obtidos nesta pesquisa, sugere-se que as estratégias de intervenção para o combate ao dengue sejam redirecionadas e passem a ter em primeiro plano o objetivo de:- aumentar o grau de consciência dos indivíduos em relação aos possíveis danos decorrentes de uma não ação ou de uma ação orientada por uma lógica ineficaz e, com isso,- estimular o poder de transformação efetiva de comportamentos a partir dessa consciência. |