Dengue e escolaridade no Brasil: preenchimento das fichas de notificação e mortalidade em menos escolarizados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Guimarães, Lucas Melo
Orientador(a): Cunha, Geraldo Marcelo da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49454
Resumo: A dengue é a arbovirose mais importante do mundo e o Brasil é um dos países com maior número de casos e óbitos pela doença. Os bancos de dados dos sistemas de informação de vigilância fornecem informações importantes para tomada de decisão dos gestores. Entretanto, muitas vezes o preenchimento das variáveis presentes nos formulários utilizados para construção dos bancos é insuficiente e não confiável. As variáveis socioeconômicas têm papel fundamental no estudo da dengue e ao nível individual, a educação destaca-se como a mais importante dessas variáveis. O objetivo desse trabalho foi estudar aspectos relacionados a escolaridade, ocorrência e óbito por dengue no Brasil. A tese foi estruturada em dois artigos. No primeiro artigo, o preenchimento da escolaridade nas fichas de notificação para dengue entre 2008 e 2017, foi descrito por sexo e faixa etária entre as capitais das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. Modelos logísticos multinível foram utilizados para estimar as razões de chance de probabilidades preditas de não preenchimento da escolaridade por sexo, idade, capital e ano. O preenchimento da escolaridade foi baixo (19,5%) nas fichas de notificação de dengue entre as capitais das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, foi melhor para mulheres e diminuiu com o avançar da idade em ambos os sexos, sendo maior para mulheres com idade menor que 60 anos e para homens com idade maior que 70 anos, achados que devem refletir as melhores escolaridades por sexo e faixa etária. No segundo artigo foram estimadas as razões de taxas de mortalidade por dengue entre menos e mais escolarizados no Brasil considerando sexo, idade, estado de residência e ano de ocorrência do óbito. Valores faltantes da escolaridade (22,1%) no banco de mortalidade foram preenchidos com uma técnica que combinou Bootstrap e imputação múltipla.Isso permitiu considerar no procedimento de imputação a estrutura hierárquica dos dados. Modelos Poisson multiníveis foram utilizados para estimar as razões de taxas. O número de óbitos por dengue no Brasil entre 2010 e 2018 foi de 4166 casos, com predominância do sexo masculino (53,3%), idade maior que 80 anos (17,0%) e do ano de 2015 (21,3%). A escolaridade geral da população brasileira nos últimos anos aumentou, embora tenha se observado um crescimento da taxa de mortalidade por dengue entre menos escolarizados em comparação aos mais escolarizados. O efeito da baixa escolaridade sobre ataxa de mortalidade por dengue mostrou-se mais pronunciado entre os mais jovens. São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal apresentaram razões de taxas entre menos e mais escolarizados elevadas. A dengue atinge em maior frequência os mais pobres e estes possuem maior dificuldade de acesso aos sistemas de saúde e maior prevalência de comorbidades.