Potencialidades, paradoxos e limites da colaboração interprofissional: uma análise a partir da experiência de um Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Atila Mendes da
Orientador(a): Miranda, Lílian
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48772
Resumo: O estudo teve como objetivo analisar a colaboração interprofissional entre trabalhadores de diferentes serviços no cuidado em saúde mental, considerando a interdependência entre aspectos estruturais, organizacionais e intersubjetivos, a partir da experiência do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica \2013 NASF-AB em um município do estado do Rio de Janeiro. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, baseada no paradigma construtivista, que se pautou na realização de um estudo de caso único. As estratégias metodológicas utilizadas foram: observação participante, grupos focais narrativos e entrevistas semiestruturadas. O material produzido ao longo do trabalho de campo foi analisado a partir da perspectiva da hermenêutica filosófica; do referencial teórico de autores do campo da saúde pública/coletiva que discutem a temática da colaboração interprofissional; do referencial teórico sobre o imaginário social/organizacional da psicossociologia francesa e da filosofia de Cornelius Castoriadis; e a partir da contribuição da psicodinâmica do trabalho a respeito dos limites e possibilidades para a cooperação. Os resultados apontam para uma indissociabilidade dos elementos estruturais, organizacionais e intersubjetivos na colaboração interprofissional. Destaca-se um histórico de matriciamento em saúde mental e iniciativas voltadas para a desmedicalização do cuidado dos usuários que mobilizava os profissionais no sentido de uma prática colaborativa voltada para a promoção da saúde mental. Por outro lado, foi identificada, também, um desafio quanto ao compartilhamento da responsabilização entre as equipes NASF-AB/Estratégia de Saúde da Família - ESF na coordenação do cuidado, em especial no caso de usuários com problemas mais complexos. A partir do referencial do imaginário social, foi possível identificar um imaginário motor presente no relato das equipes a respeito do histórico no trabalho de apoio matricial e de sua expertise na realização de Práticas Integrativas e Complementares-PICs, bem como um imaginário regido pelo signo da impotência de ação compartilhado entre as equipes NASF-AB/ESF no que diz respeito ao acompanhamento longitudinal dos usuários. Destacam-se, também, que os tensionamentos na relação entre as equipes estiveram, predominantemente, relacionados à organização dos processos de trabalho. Algumas regras construídas no contexto das unidades com o intuito de induzir a cooperação, tinham um efeito paradoxal de gerar uma participação desimplicada por uma parcela dos trabalhadores. Por fim, mostra-se importante refletir sobre as relações de confiança no trabalho como elemento fundamental para a colaboração, relações estas que podem ser influenciadas pela configuração de um ambiente organizacional, em que vigore a negociação entre os trabalhadores e entre estes e os gestores, capaz de aglutinar interesses e lidar com os inevitáveis conflitos.