Discursos sobre o universo do trabalho e da tecnologia no romance Usina, de José Lins do Rego

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Ribeiro, Vanessa Lopes lattes
Orientador(a): Fanini, Angela Maria Rubel lattes
Banca de defesa: Teixeira, Nincia Cecilia Ribas Borges, Matsuda, Alice Atsuko, Ferreira, Eliane Aparecida Galvão Ribeiro, Oliveira, Wilton Fred Cardoso de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Tecnologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/2008
Resumo: Esta tese consiste em uma análise dialógica das construções discursivas sobre o universo do trabalho e da tecnologia no romance Usina, de José Lins do Rego, publicado em 1936. Para conduzir a análise proposta, esta pesquisa parte dos pressupostos teóricos de Mikhail Bakhtin e do círculo, estudiosos da linguagem, para quem o romance é um grande enunciado que nasce de um espaço sócio-interativo. Nessa mesma perspectiva dialógica, em relação ao universo do trabalho e da tecnologia, este estudo busca reflexões de importantes pensadores, a saber: Marx, Engels, Lafargue, Lukács, Sennett e Heidegger. A composição do discurso que se apresenta neste estudo se estrutura a partir da seleção desses autores e de outros, presentes, em sua maioria, nas ementas das disciplinas do Programa de Pós- Graduação em Tecnologia (PPGTE), mais especificamente, no Projeto de Pesquisa “A formalização discursiva do universo do trabalho e da tecnologia em textos literários brasileiros”, a que se vincula esta tese. As construções discursivas sobre trabalho e tecnologia são investigadas a partir de um circuito de vozes presente no romance. Esse circuito de vozes fortalece a ideia-chave, síntese crítica do autor, sua reflexão sobre a vida laboral nos engenhos e nas usinas, a de que no tempo de engenho havia relações mais humanizadas entre os homens e destes com a natureza, apontando para um trabalho como fator de maior socialização, portanto. A arquitetônica do romance se constitui por um enunciado que se estabelece pela repetição dessa tese, garantida pelo circuito de vozes. Essa multiplicidade de vozes, representada pelas personagens e pelo narrador, é organizada pelo autor de forma que o tom da narrativa evidencie a antropomorfização da usina. Em resistência a esse discurso de determinismo tecnológico, no campo simbólico, o autor se vale de outros discursos, como o da tradição cristã, na voz das personagens, D. Dondon, esposa do usineiro, agregados e trabalhadores do eito do tempo de engenho, para fazer imperar essa sua tese. Para tanto, o autor organiza os eventos narrativos de modo que no plano enunciativo fique evidente para o leitor dois momentos: o de ascensão e o de decadência da maquinaria moderna na usina Bom Jesus. No primeiro, com a modernização dos maquinários da usina que simboliza a ascensão desse sistema, ou seja, com o trabalho sob os preceitos do capitalismo, a natureza vai se esfacelando e as relações humanas e do homem com a natureza vão se tornando menos humanizadas em um sentido de trabalho estranhado. No segundo, com a falência dos negócios na usina Bom Jesus, o autor sinaliza para um processo de humanização, no qual, sobretudo, a natureza se apresenta de modo personificado, como resposta punitiva à ambição humana.