O passado ressignificado em Respiração artificial, de Ricardo Piglia, e Em liberdade, de Silviano Santiago

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Testa, Letycia Fossatti lattes
Orientador(a): Fioruci, Wellington Ricardo lattes
Banca de defesa: Fioruci, Wellington Ricardo, Lima, Marcos Hidemi de, Silva, Denise Almeida
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Pato Branco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/4102
Resumo: O pós-modernismo, vertente literária da literatura contemporânea, encontrou na América Latina vários adeptos da sua estética, os quais descobriram nela uma forma inovadora de expressar muito da realidade histórica e contemporânea das suas nações e, consequentemente, do continente em que pertencem. Dois exemplos são as obras Respiração Artificial (1980), do argentino Ricardo Piglia, e Em liberdade (1981), do brasileiro Silviano Santiago, objetos desta pesquisa, que revelam uma linguagem pós-moderna carregada de críticas sociais e políticas frente ao passado histórico de suas nações e, ao mesmo tempo, representando o momento de produção e recepção das duas narrativas. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi analisar as obras, na perspectiva teórica da literatura comparada, mostrando seus pontos de convergência e seus possíveis diálogos, o contexto extradiegético e intradiegético representado e, sobretudo, verificando como e por meio de quais estratégias linguísticas os escritores representam a história das suas nações e do seu continente. Para tal, foram utilizados como aporte teórico os seguintes nomes: Sandra Nitrini (2015), Tânia Franco Carvalhal (2006; 2011), Eduardo Coutinho (2003; 2011), Luiz Costa Lima (1986; 1989; 2006), Benedito Nunes (1988), Antônio Esteves (2010), Linda Hutcheon (1989; 1991), Fernando Aínsa (1994), Fernando Alegría (1986), Zygmunt Bauman (1998), Umberto Eco (1985; 1991), Carlos Fuentes (2011), Leyla Perrone-Moisés (2016), Wander Mello Miranda (2009; 2010), entre outros. Essa análise permitiu refletir que, embora retratem períodos passados, estes foram usados como artifício para aludir metaforicamente sobre o período presente vivenciado pelos autores, marcado por governos ditatoriais, autoritários e violentos. Portanto, Piglia e Santiago evidenciam também que a história, muitas vezes, se repete sob novos disfarces, daí a necessidade de uma ressignificação do passado, do presente e seus discursos. Essas reflexões são suscitadas por meio de vários recursos expressivos da estética pós-moderna, como a autorreferencialidade, a metaficção historiográfica e o pastiche, que tornam suas obras mais complexas e labirínticas, cabendo ao leitor um papel fundamental na atribuição de sentido. Sob esta ótica, Em liberdade e Respiração Artificial conseguem evidenciar o quanto a literatura e a historiografia são discursos criados pelo homem e possuem relações, sendo que a nenhum deles cabe o papel de detentor absoluto da verdade.