Pra quem tem fome: vigilância e controle algorítmicos no processo de trabalho de um aplicativo de entrega em Curitiba
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/25400 |
Resumo: | A subordinação do trabalho ao capital impulsiona a vigilância e o controle, a fim de aprofundar a divisão e padronização dos processos de trabalho sob o olhar atento da gerência. Neste sentido, o aumento do uso das plataformas digitais no cotidiano leva em consideração os algoritmos como instrumentos de monitoramento, bem como elementos fundamentais no funcionamento das tecnologias digitais, visto que eles potencializam o controle dos trabalhadores. Essas tecnologias também contribuem para a apropriação e incorporação de novas atividades à relação capitalista, possibilitando a introdução de processos de trabalho à cadeia de valor. Assim, as organizações conhecidas como plataformas digitais se valem da premissa de serem empresas de tecnologia para ocultar os princípios, crenças e valores incorporados aos algoritmos que elas próprias desenvolvem. No entanto, pode-se afirmar que eles carregam valores culturais e de mercado, assim como os princípios das próprias plataformas, que têm como propósito a eficiência do seu desempenho. A interdependência dessas tecnologias e das atividades de trabalho dos indivíduos que as utilizam é um importante aspecto para pensarmos as transformações recentes das relações de trabalho. Dessa forma, o propósito principal desta pesquisa foi refletir sobre a vigilância e o controle algorítmicos na gerência do trabalho a partir da compreensão de entregadores cadastrados na plataforma de entrega iFood na cidade de Curitiba. Para atingir este objetivo, refletimos também quanto às questões referentes à neutralidade algorítmica, à influência da gestão algorítmica nos comportamentos e ao modo como as tecnologias organizam o trabalho associados ao gerenciamento de si, ao empreendedorismo individual e às informações coletadas e processadas pelas plataformas. Trata-se de uma investigação que partiu da análise de vídeos produzidos por dois desses trabalhadores e disponibilizados na plataforma YouTube. O referido material mostrou-se relevante para compreender a operacionalização do aplicativo e a atividade de entrega em sua realização. Na segunda etapa da pesquisa foram feitas entrevistas em profundidade com sete entregadores, visando conhecer suas compreensões e experiências de trabalho. Os relatos do cotidiano e sobre o uso dos aplicativos propiciaram um esboço da organização social que configura e que é configurada pelas subjetividades desses trabalhadores que compõem essas relações. O conjunto desses documentos foi interpretado, então, a partir de um repertório teórico-conceitual sobre procedimentos disciplinares, autogerenciamento subordinado, assimetria de informações e panóptico algorítmico, propiciando o levantamento de considerações pertinentes acerca dos mecanismos de vigilância e controle da gestão algorítmica do trabalho mobilizada pelas plataformas digitais. A observação do corpus da pesquisa apontou, entre outras questões, a divisão técnica das atividades em séries para o acompanhamento da execução pela corporação, a ausência de uma gerência humana direta, o suporte insatisfatório relatado pelos trabalhadores, a limitação da autonomia desses sujeitos e a influência das prescrições das empresas na realização dos processos de trabalho. |