Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2002 |
Autor(a) principal: |
Beltrame, Ideraldo Luiz |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-06042021-175918/
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Resumo: |
Temas relativos à experiência individual e coletiva vivida em relação ao HIV/Aids têm sido objeto de reflexão das diversas áreas do conhecimento aplicadas ao campo da saúde. Na passagem para o século XXI, tal assunto é discutido sob outras perspectivas em complementaridade aos estudos epidemiológicos, quando a psicologia social, a sociologia e a antropologia lançam mão de seus aportes teóricos para compreender essa experiência como produto da diversidade cultural, marcada pelas relações estabelecidas entre as pessoas vivendo com o HIV/Aids e os grupos sociais que integram. Analiso aqui algumas histórias das experiências vividas por homens que fazem sexo com homens, a partir de suas narrativas, relacionadas à sua condição de soropositividade. Busquei compreender os significados atribuídos pelos entrevistados às suas experiências como pessoas vivendo com o HIV e os elementos que constituem e dão sentido a essa experiência. Adotei um procedimento teórico-metodológico que compreende uma interpretação da descrição das experiências vividas por estes indivíduos. Foram realizadas cinco entrevistas, apoiadas em roteiro I temático, a partir do qual estes homens foram convidados a apresentar o desenrolar de sua experiência de vida como homens que fazem sexo com homens e soropositivos. A interpretação das narrativas colhidas aponta a dificuldade que estes homens encontram para falar a respeito da sua soropositividade; a permanência de alguns dos estereótipos concebidos socialmente a respeito de sua experiência como homens que fazem sexo com homens e que vivem com o HIV; a perspectiva de superação da compreensão de si como um \"outro\" diferente, sob a égide da igualdade juridicamente instituída a partir da reivindicação de Direitos Humanos e um sentimento ambíguo em relação a uma extensa rede de apoio para viver e conviver com o HIV - como família, religião, trabalho, companheiros e parceiros sexuais, os serviços de saúde e seus profissionais e as diversas instituições que os acolhem. A elaboração das experiências relatadas por estes homens que fazem sexo com homens vivendo com HIV, está relacionada a um período de suas vidas onde aconteceram mudanças significativas, tais como a descoberta de uma sexualidade diferente, a assunção dessa sexualidade frente a vida coletiva e sua nova condição em relação ao HIV. Existe uma co-habitação de sentidos e significados atribuídos à essa dupla experiência como homens que fazem sexo com homens e soropositivos, isto é, ora se super-valorizam, ora se subestimam; entendem que portar o HIV/Aids estabelece algumas limitações e o exercício da vida é o de superação; percebem o preconceito e vivenciam a discriminação em diferentes momentos, inclusive nas ONG\'s e, principalmente, nas instituições de saúde, embora inserir-se nestes setores revela-se de fundamental importância para uma ascensão social e melhoria das condições de vida. Neste sentido, a intersecção das experiências sexuais como homossexual e de pessoa vivendo com o HIV é encarada como um espaço político, de negociação da diferença. |