Gestão do risco sexual da infecção do HIV entre adolescentes homens que fazem sexo com homens, travestis e mulheres transexuais na região central de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Martins, Gláucia Barroso lattes
Orientador(a): Zucchi, Eliana Miura lattes
Banca de defesa: Zucchi, Eliana Miura, Coviello, Denise Martin, Silva, Cristiane Gonçalves da, Barros, Cláudia Renata dos Santos, Ferraz, Dulce Aurélia de Souza
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica de Santos
Programa de Pós-Graduação: Mestrado em Saúde Coletiva
Departamento: Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://tede.unisantos.br/handle/tede/6543
Resumo: Introdução: Adolescentes homens que fazem sexo com homens, mulheres transexuais e travestis vivem em contextos específicos de vulnerabilidade individual, social e programática ao HIV que, acentuados pela homofobia e transfobia, demandam respostas direcionadas das políticas públicas de saúde para a mitigação da epidemia de HIV. Para isso, é fundamental a compreensão das experiências e narrativas vivenciadas por essa população sobre gestão de risco sexual, que parte do pressuposto de que cada indivíduo aprende a criar estratégias em busca de superar seus próprios riscos. Portanto, tal gestão é mediada de acordo com o que cada um ressignifica para si e com as demais questões que necessitam ser enfrentadas. Objetivo: Compreender a gestão de risco de infecção pelo HIV nas interações sexuais entre adolescentes homens que fazem sexo com homens, travestis e mulheres transexuais. Métodos: O estudo foi realizado com abordagem qualitativa com dados obtidos de uma pesquisa formativa realizada a partir de um estudo intitulado ¿Estudo PrEP 15-19¿ com participantes moradores ou frequentadores da região central de São Paulo. Realizaram-se treze entrevistas semiestruturadas, sendo sete com travestis e mulheres transexuais e seis com gays e bissexuais; entrevista coletiva que contou com três participantes travestis e mulheres transexuais; e grupo focal com nove adolescentes gays e bissexuais. A análise do conteúdo foi guiada à luz das teorias de Bardin (2011). Resultados: Dos treze adolescentes que participaram das entrevistas semiestruturadas voluntariamente, seis se declararam homens e, destes, três se identificaram como gays e três como bissexuais, com idade entre dezesseis e dezenove anos; das outras sete pessoas, quatro se identificaram como mulheres transexuais e três como travestis, dentre as quais três se consideraram heterossexuais, duas pansexuais e uma assexual/bissexual, com idade entre dezessete e dezenove anos. Na entrevista coletiva, contamos com duas mulheres transexuais e uma travesti, entre dezessete e dezenove anos. Para o grupo focal apresentaram-se nove participantes entre dezesseis e dezoito anos, dos quais sete não responderam quanto à identidade de gênero e dois se identificaram como homens, totalizando oito gays e um bissexual. Os entrevistados apresentaram discursos que expressaram uma visão de obrigatoriedade, prioridade e hierarquia quanto ao uso de camisinha para que se sentissem protegidos, refletindo a forma como recebem informação sobre prevenção tida como eficaz e como se sentem responsáveis por sua prevenção e se esforçam para incorporá-la em seu cotidiano. Não utilizar preservativo para alguns remete a sentimentos como remorso e medo. Para outros, no entanto, há uma sensação de conforto e segurança quando adotado nas relações que envolvem penetração. Embora reconhecidamente visto como necessário na prevenção do HIV, sua efetiva utilização esteve condicionada a diversos fatores contextuais. As relações sexuais com parcerias estáveis são percebidas com maior sensação de proteção, enquanto as casuais com maiores chances de risco. O uso de álcool e as relações com parceiros mais velhos podem influenciar a decisão do uso do preservativo. A adoção do preservativo pode sofrer influência pelo uso de cocaína e pela decisão do parceiro nos programas sexuais. Outras estratégias de prevenção, como o teste rápido do HIV, a PEP e a PrEP apareceram nos discursos como opções alternativas para falha do uso da camisinha. Conclusão: Os adolescentes discursam sobre prevenção baseados na visão do uso de preservativo como escolha principal, mesmo que sob diversos contextos de exposição, reproduzindo o discurso normativo de eficácia desse método independentemente de outras dimensões fundadas nos aspectos da vulnerabilidade que podem tornar seu uso inconsistente. Desse modo, ações e estratégias de acolhimento devem ser adotadas, buscando abordar as estratégias de prevenção combinada que possibilitem atender as especificidades e singularidades dessa população.