Índices para avaliar dietas sustentáveis e promotoras de saúde cardiovascular: desenvolvimento, validação e aplicação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Cacau, Leandro Teixeira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-02082024-182349/
Resumo: Introdução: Índices de avaliação da dieta são instrumentos úteis para identificar a qualidade global da dieta e verificar se a adesão às recomendações dietéticas possui efeitos benéficos na saúde. Em 2019, a Comissão EAT-Lancet propôs um modelo de dieta sustentável, enquanto que a American Heart Association (AHA) possui recomendações dietéticas para promoção da saúde cardiovascular. No entanto, não existem índices baseados nestas recomendações. Objetivo: Desenvolver e validar dois índices de avaliação da dieta baseados na dieta sustentável do EAT-Lancet e nas recomendações dietéticas da AHA e sua aplicação na análise de associação com aterosclerose subclínica. Métodos: Foram utilizados dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), uma coorte multicêntrica que acompanha 15.105 funcionários de seis instituições públicas de ensino e pesquisa. O consumo alimentar foi avaliado através de um Questionário de Frequência Alimentar (QFA). A aterosclerose subclínica foi avaliada através do escore de calcificação arterial coronariano (CAC) na linha de base (2008-2010) e na segunda onda (2012-2014) e a espessura médio-intimal das carótidas (IMT) na linha de base e na terceira onda (2017-2019). Para o desenvolvimento do Planetary Health Diet Index (PHDI), foram utilizadas as recomendações da Comissão EAT-Lancet e para o desenvolvimento do Cardiovascular Health Diet Index (CHDI), foram utilizadas as recomendações dietéticas da American Heart Association. Após o desenvolvimento dos índices, técnicas de validade e confiabilidade interna foram empregadas. Para avaliar os fatores associados aos índices, foram empregados modelos de regressão linear simples e múltiplos. Modelos de Poisson com variância robusta foram construídos para avaliar a associação entre os índices e a incidência e progressão do CAC, enquanto modelos lineares mistos foram construídos para avaliar os índices e as mudanças no IMT. Resultados: A população apresentou uma média de 60,4 pontos no PHDI (de uma variação possível de 0 - 150 pontos) e de 57,1 pontos no CHDI (de uma variação possível de 0 - 110 pontos). Análises de validade relativa e confiabilidade demonstraram que ambos os índices possuem desempenho satisfatórios, demonstrando boa validade e confiabilidade interna. Observou-se que as mulheres, os idosos, pessoas com maior renda per capita, prática de atividade física moderada e vigorosa apresentaram, em média, maiores pontuações. Ao passo que, os fumantes e as pessoas com sobrepeso e obesidade apresentaram, em média, menores pontuações em ambos os índices. Não foram observadas associações significantes entre o PHDI com CAC e IMT. No entanto, após um período médio de acompanhamento de 8 anos, um aumento de 10 pontos no CHDI foi associado a uma diminuição de 0,0023 mm (IC 95% -0,0045; -0,0002) no IMT. Nenhuma associação foi observada entre o escore CHDI e a incidência e progressão de CAC após um período de acompanhamento de 4 anos. Conclusões: Os resultados demonstram a validade dos índices propostos como ferramentas adequadas para avaliação da dieta. Foi possível observar que a adesão as recomendações de dieta sustentável e promotoras da saúde cardiovascular estão associadas com condições sociodemográficas e de estilo de vida. Além disso, maior adesão à uma dieta cardioprotetora está inversamente associada com um marcador de aterosclerose subclínica.