Semente-estrutura-composição: os três caminhos de Zeami para a criação de uma peça nō

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Caputo, Flavio dos Reis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8157/tde-21122016-132043/
Resumo: Nō é uma arte cênica japonesa em que representação, dança e música misturam-se em apresentações estilizadas onde poucos elementos são trabalhados para o aprofundamento de uma unidade imagética. Apesar de encontrarmos seus primeiros registros em documentos da era Heian (794-1185), a complexificação de todos os seus aspectos ocorreu na era Muromachi (1334-1573), com os esforços de Zeami (1363-1443) e de seu pai, Kan\'ami (1333-1384). Além de desenvolver a atuação e a orquestração, ambos fizeram avanços significativos na composição de peças. Felizmente, o maior artista de nō, Zeami, nos deixou muitos escritos críticos em que detalha todas as pesquisas empreendidas durante sua vida. A partir de um desses tratados e trechos de outros dois, este trabalho buscará analisar o método, estabelecido por Zeami, pelo qual a criação dramatúrgica divide-se em três frentes: shu, saku e sho, \"semente\", \"estrutura\" e \"composição\", respectivamente. Shu é o meio pelo qual se trabalha com a fonte que dá origem à peça e que será inevitavelmente revista pela linguagem do nō; saku é a estruturação musical que possibilita o desvendamento da semente; e sho é a junção de palavras e sons que transmitem essa revelação. Com o apoio de estudiosos e poetas recentes, procuraremos identificar os princípios que regem esses três caminhos e os modos pelos quais eles se unem para a formação de um todo orgânico, onde yūgen, a beleza contrária à imitação da realidade externa, nasce da distribuição de qualidades vivificadas por uma abordagem maleável do tempo chamada jo-ha-kyū. No primeiro capítulo, veremos como divisões e subdivisões das matérias-primas musicais do nō, ritmos e melodias, interagem para a estruturação da peça; no segundo, como a fonte e demais citações são rediagramadas para a realização gradual do material original; e no terceiro, como palavras são organizadas em aglomerados de sons e imagens para a estabelecimento de camadas significantes.