Sofrimento, solidão e desordem: a representação trágica como meio político no cinema de Leon Hirszman

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Takeda, Anna Carolina Botelho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-12062017-114205/
Resumo: Esta tese tem como objetivo analisar três narrativas do cineasta Leon Hirszman: A falecida (1965), S. Bernardo (1972) e Eles não usam black-tie (1981) a partir do conceito de tragédia moderna, de Raymond Williams. A comparação sistemática entre as obras fez surgir o que se chamou nesta tese de trágico desalienante, uma vez que ao observar a maneira adotada pelo diretor, sobretudo, ao conduzir as suas personagens, evidenciou-se sua preferência por expor o sofrimento e a desordem dentro das narrativas com o intuito de produzir o conhecimento da realidade. Com isso, pôde-se constatar que o tom trágico empregado foi a opção estética de Leon Hirszman para levar adiante o seu projeto cinematográfico, fincado na ideia de cinema como instrumento político. Porém, em contraposição à valorização do trágico, muito em consonância com o contexto histórico repressivo imposto pela ditadura civil-militar no Brasil, vale apontar, com a reorganização do cenário nacional, uma retomada da perspectiva romântica, no sentido defendido por Michel Löwy e Robert Sayre, em Eles não usam black-tie, que se não recuperava o romantismo revolucionário proposto por Marcelo Ridenti ao analisar as obras produzidas no Brasil no começo dos anos 1960, resgatou a representação da esperança arrefecida com os anos de governo militar. Nessa direção, no cotejo das obras, atenta-se para o contexto histórico em que os filmes foram produzidos considerando-o como elemento estruturante de sua forma. Assim, se em A falecida, de 1965, começo do período ditatorial, há ainda espaço para um sutil humor que, de alguma forma, atenua o seu tom trágico; S. Bernardo, elaborado em 1972, no auge da repressão militar, impera o aniquilamento dos homens e a tragédia se instala sem respiro; por fim, como foi dito, em Eles não usam black-tie, realizado em 1981, período de abertura política e maciça insurreição dos movimentos populares, a perspectiva trágica cede espaço para a imagem da força da coletividade e, portanto, restaura certa visão romântica do mundo.