Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Figueiredo, Fernanda Barbosa |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-04102021-164257/
|
Resumo: |
Introdução: A doença de Charcot-Marie-Tooth, também conhecida como neuropatia hereditária sensitivo motora (HMSN), é um grupo clínico e geneticamente heterogêneo de doenças que afetam os nervos sensitivos e motores do sistema nervoso periférico (SNP). Ela é a neuropatia periférica mais frequente entre crianças e adolescentes atendidas em um centro de doenças neuromusculares. Porém, não existem muitos estudos disponíveis na literatura direcionados especificamente para a população pediátrica de CMT (≤ 20 anos). Elas podem ser classificadas de acordo com as velocidades de condução dos nervos motores em CMT1 (subtipos desmielinizantes), CMT2 (subtipos axonais) e CMTi (subtipos intermediários), quanto ao padrão de herança (autossômico dominante, autossômico recessivo, ligado ao X ou mitocondrial) e gene responsável. O teste genético estabelece um diagnóstico preciso e tem um impacto significativo tanto para os pacientes afetados quanto para seus familiares. A introdução das tecnologias de sequenciamento de nova geração permitiu um grande avanço na descoberta de novas variantes e genes relacionados às HMSN (mais de 120 genes) e, consequentemente, um aumento significativo no número de pacientes que recebem um diagnóstico molecular. Apesar desses avanços, a maioria dos pacientes com a forma axonal (CMT2) (~60%) ainda ficam sem um diagnóstico molecular definitivo, indicando que a maioria dos genes ou variantes para esse subtipo ainda precisam ser descobertas. O objetivo do presente estudo foi caracterizar genotipicamente pacientes pediátricos com o diagnóstico clínico sugestivo de Charcot-Marie-Tooth axonal (CMT2). Além disso, definimos a epidemiologia molecular de uma amostra da população brasileira, propomos um esquema diagnóstico específico e avaliamos o rendimento diagnóstico das diferentes técnicas moleculares utilizadas. Métodos: Foram coletadas amostras de crianças e adolescentes (com idade inferior a 20 anos na primeira consulta) com diagnóstico clínico sugestivo de CMT2, que consultaram no ambulatório de Neurogenética do HC-FMRP até dezembro de 2020. O diagnóstico molecular foi realizado utilizando tecnologias de NGS (painel multigênico e WES). Posteriormente, todas as variantes candidatas encontradas foram confirmadas por Sanger. Resultados: No total, foram incluídos 56 casos índices pediátricos (≤ 20 anos), não relacionados, com diagnóstico clínico sugestivo de CMT2. O diagnóstico molecular foi alcançado em 67,8% dos pacientes (38/56), considerando apenas as alterações patogênicas e provavelmente patogênicas. 14,2% (8/56) dos pacientes apresentaram variantes classificadas como sendo de significado incerto (VUS) e 17,8% (10/56) dos pacientes ficaram sem nenhuma variante candidata. Diferenciando entre painel e WES, o rendimento diagnóstico do painel foi de 39,1% (9/23) contra 61,7% no WES (29/47). O gene mais frequentemente mutado foi MFN2 com dez variantes encontradas em 15 pacientes, seguido por GJB1 com três variantes encontradas em 3 pacientes. Os outros 20 pacientes diagnosticados geneticamente apresentam variantes em vários genes menos comuns sendo eles, MORC2 e PNKP (acometeram dois pacientes cada) e AARS1, AIFM1, DNAJB2, EMD/LMNA, GDAP1, HSPB1, HSPB3, IGHMBP2, KIF1A, KIF5A, NAGLU, PLA2G6, SLC5A7, TRPV4, DNM2 e LRSAM1 (acometeram um paciente cada). Esse resultado mostra a grande heterogeneidade genética presente nessa coorte. Além disso, nós encontramos 22 variantes novas que ainda não foram descritas na literatura em genes já conhecidos ampliando o espectro genético de CMT2. Dentre essas variantes, 1 variante foi classificada como patogênica, 11 foram classificadas como provavelmente patogênicas e 10 foram classificadas como VUS. Conclusão: Os resultados obtidos mostram que a epidemiologia molecular local da coorte estuda se mostrou bastante heterogênea, com 29 genes mutados em 38 pacientes e que as tecnologias de NGS, especialmente o WES, são eficazes no diagnóstico molecular de pacientes pediátricos com CMT2. Ademais, a descoberta de novas variantes amplia o espectro genético das formas axonais de CMT. |