Por que a guerra? Política e subjetividade de jovens envolvidos na guerra do tráfico de drogas: um ensaio sem resposta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Martins, Aline Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
War
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-11122014-095500/
Resumo: A guerra do tráfico de drogas é uma espécie de conflito que acontece nas periferias das grandes cidades brasileiras. Consiste em uma batalha armada entre gangues rivais, motivada por desavenças pessoais ou vinganças direcionadas aos grupos inimigos. Este fenômeno é o maior responsável por mortes de jovens no país. A partir de grupos de conversa com jovens envolvidos com o tráfico de drogas e usando a psicanálise como método de escuta e análise, a presente pesquisa faz uma descrição de caso que tem como papel elucidar a dinâmica de funcionamento da guerra do tráfico no aglomerado Santa Lúcia, em Belo Horizonte-MG. O objetivo inicial foi responder ao enigma: por que os jovens se envolvem na guerra do tráfico, mesmo sabendo do grande risco de morte? A hipótese que se depreendeu daí foi a existência de um fator oculto, com dimensão política e subjetiva que sustentaria essa escolha. Entretanto, o que se encontrou como resultado foi um aprofundamento da questão, entendendo o posicionamento desse grupo de jovens na sociedade como Homo Sacers, posição esta produzida e sustentada pelo discurso em torno da violência e pelo reconhecimento desses sujeitos como exceção. Passamos, portanto, pelo conceito de guerra, elucidando sua dinâmica de funcionamento na política, segundo Clausewitz e Foucault, e no sujeito, com Freud e Lacan. Partimos então para o entendimento de como essa posição seria sustentada na sociedade através de uma discussão sobre o discurso, a partir de Foucault e Lacan, e posteriormente explorando o conceito de Homo Sacer, de Agamben, amparado por suas bases na concepção de Campo de Arendt e biopolítica de Foucault. O trajeto de pesquisa foi constantemente marcado pela formulação de uma metodologia que acompanhasse as demandas do objeto, que não se deixa apreender e está constantemente provocando o pesquisador no seu lugar de cidadão de uma sociedade em guerra. Esse percurso provocou a ampliação do campo de estudo para o além da guerra, deslocando o modo de reconhecer o outro. Uma torção que conduziu o trabalho para a necessidade de ver o homem por trás do guerreiro, e gerou novas perguntas, \"o que é e por que a paz?\". Ela é apenas o equilíbrio de uma sociedade injusta? Desse modo, concluímos que a pergunta por que a guerra? não pode ser respondida, pois o que os sujeitos nos falam em contexto de pesquisa é dependente da dinâmica de reconhecimento e laço social, e, assim, as respostas serão sempre parciais, subordinadas à maneira como reconhecemos o outro