Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Veronese, Lilian Aracy Affonso |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48135/tde-24062024-105343/
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Resumo: |
Com base no pressuposto de que a propagação do discurso psi consiste em uma intensa força de subjetivação e veridicção no tempo presente, este estudo focalizou a circulação da discursividade psicanalítica na cultura brasileira. Partiu-se da hipótese geral de que a disseminação das ideias psicanalíticas em territórios que ultrapassam sua jurisdição teórico-prática movimenta um jogo discursivo mobilizador de sentidos que incitam determinados modos de governo da conduta dos sujeitos em relação a si e ao mundo. Do ponto de vista empírico, foram eleitas as colunas redigidas por Contardo Calligaris e publicadas semanalmente no caderno Ilustrada do jornal Folha de S.Paulo, por 23 anos consecutivos: de 1999 até sua morte, em 2021. A escolha dessa fonte deu-se tanto pela extensão temporal quanto pela profusão argumentativa que ela comporta. Sob o norte procedimental da pesquisa foucaultiana, o material empírico foi remontado ao modo de um arquivo próprio, em duas etapas: a construção de um mapa apreciativo do material e um reordenamento da massa discursiva em vetores analíticos. A análise destacou três elementos componentes da materialidade discursiva sob exame: a propagação de uma hermenêutica sustentada por ideias forjadas no interior do campo teórico psicanalítico; o arranjo de uma matriz veridictiva que constitui um conjunto de objetos/problemas relativos à subjetividade; a performação de um sujeito que age mirando o horizonte de si mesmo, produzindo sua própria interioridade. Argumentou-se, assim, que a propagação cultural da discursividade psicanalítica se dá consoante a um gesto de teor pedagógico, calcado em uma estratégia explicativa das coisas, do mundo e da vida. Assim, considerase que o éthos produzido pela circulação da discursividade psicanalítica, para além de seu domínio teórico-prático imediato, resulta em um jogo de forças que arregimenta uma visão endógena de mundo, já que fadada a apreendê-lo por meio de uma racionalidade intrinsecamente psicologizada. Por fim, advoga-se que a circulação de ideias psicanalíticas no âmbito cultural arregimenta uma maquinaria discursiva própria, a qual participa ativamente na construção de um sujeito enredado em uma espécie de interioridade tão secreta quanto infinita. |