Apropriação dos espaços urbanos pelas crianças: vivências na unidade sujeito-meio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Juliana Bezzon da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-20102021-105448/
Resumo: A urbanização intensa das cidades ocidentais contemporâneas contribuiu para a fragmentação social e reverberou na associação dos espaços urbanos a riscos, em especial para a infância, muitas vezes significada como dependente e vulnerável. O objetivo da pesquisa foi investigar a relação criança-cidade, considerando a interação entre os modos de organização da cidade e as vivências das crianças na apropriação dos espaços urbanos. Com base na Psicologia Histórico-Cultural e na Psicologia Ambiental, foram realizados procedimentos para análise em diferentes escalas em um município de médio porte, do interior do Estado de São Paulo/Brasil: (1) escala macroanalítica: caracterização do município pela análise de documentos oficiais abrangendo aspectos históricos, sociodemográficos e de projetos sociais para infância; (2) escala intermediária: observação de espaços públicos em uma região de periferia, com registro em diário de campo, focalizando os modos de ocupação pelas crianças; (3) escala microanalítica: oficina sobre a cidade com sete crianças entre 8-11 anos (entrevistas iniciais; cinco encontros da oficina para a construção de uma ação conjunta na cidade; entrevistas finais), moradoras da periferia investigada. Os resultados apontaram que a região possuía infraestrutura de lazer/cultura aproveitados pelas crianças cotidianamente. No entanto, a análise de projetos voltados para o atendimento à infância no município evidenciou: ausência de participação das crianças na elaboração, desenvolvimento e avaliação; e predominância de propostas pautadas na ideia de evitar tempo ocioso e presença de crianças nas ruas, reforçando a concepção negativa dos espaços públicos. Entre as crianças da periferia de Sertãozinho, as categorias que constituíram os processos de apropriação dos espaços urbanos foram: território de moradia; autonomia na mobilidade urbana; supervisão parental; proteção à infância na cidade; interação entre coetâneos; desejo por diversão/lazer; conhecimento sobre os espaços urbanos; expressão corporal; e conscientização ambiental. Esses modos de ser da apropriação da cidade pelas crianças expressaram-se de maneira articulada entre si e considerando os mediadores da unidade criança-cidade (gênero, idade, tempo de moradia no local, vínculo com projetos sociais, condições socioeconômicas etc.). Como limitações da pesquisa, apontamos que: o material foi construído a partir de um recorte da realidade investigada, não abrangendo uma totalidade maior que permitisse a análise da relação criança-cidade nos diversos territórios urbanos de Sertãozinho/SP ou na articulação com outras municipalidades; e as categorias emergiram de procedimentos com um grupo específico de crianças, necessitando que sejam ratificadas em novas investigações com outros participantes.