Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Rezende, Tânia Maria Asturiano de Campos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-04112013-112230/
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Resumo: |
Pode a direção de uma escola de Educação Infantil criar um espaço de escuta psicanalítica com a equipe pedagógica, visando desconstruir as visões estereotipadas de criança-problema de modo que cada criança possa ser considerada como um sujeito, ou seja, um enigma que nunca chega a ser solucionado? Essa é a questão que guia este trabalho. Afinal, que criança é essa? Esta pesquisa busca problematizar as diferentes concepções de infância e de educação escolar, explicitando como a criança vem sendo continuamente considerada pela Pedagogia, desde a implantação da educação infantil no mundo ocidental e no Brasil, como um ser natural, biológico ou social passível de ser entendido e conhecido integralmente, com auxílio de outras disciplinas como a Medicina e a Psicologia. Por outro lado, a Psicanálise explicita que, no encontro entre adulto e criança, há uma rachadura por onde se revela o impossível de saber, de controlar, de educar. O mal-estar gerado nesse (des)encontro, principalmente quando se tratam de crianças que não se encaixam nos moldes ideais, vem gerando diversas metodologias e iniciativas educacionais. Algumas reflexões sobre Psicanálise e Educação são retomadas, passando pelos principais psicanalistas que se dedicaram de alguma forma a questões da infância, com especial foco nas práticas de educação psicanaliticamente orientadas. A Psicanálise no Brasil é revista em sua trajetória, com forte influência no campo da Educação, inicialmente com abordagem higienista e culminando com questionamentos da atualidade. As estruturas discursivas lacanianas e os registros simbólico, imaginário e real são conceitos fundamentais para essa leitura de Psicanálise e Educação. A origem da concepção de criança-problema está situada no centro dos primeiros efeitos da Psicanálise na educação brasileira e se desdobra em nomenclaturas e classificações variadas, que atuam mais na segregação e na exclusão das crianças do que em seu processo de inclusão. Como a criança que apresenta problemas na sua escolarização é tomada pelo adulto educador é o principal elemento da discussão sobre a Educação Inclusiva, que analisa desde o próprio conceito de inclusão, o cenário brasileiro e algumas questões específicas da inclusão na Educação Infantil. Nessa perspectiva, a dissertação se direciona para a figura do professor e apresenta algumas possibilidades de formação continuada ou supervisão, como laboratórios de conversação e reuniões de suporte à inclusão, que podem ajudar a pensar nos encaminhamentos e escolhas da direção de uma escola. A experiência profissional desta pesquisadora é trazida em cena para interrogar os efeitos da Psicanálise na gestão escolar e na própria metodologia da pesquisa, além da descrição e análise de uma prática realizada em reuniões de professores para discussão de caso. Nesse modelo de reunião, os professores podem falar livremente, já que não há a intenção de se chegar a um entendimento, um esclarecimento e/ou a prescrições práticas, mas sim a uma implicação subjetiva a partir dos furos do saber. O objetivo é refletir se esse espaço de não-saber pode ser sustentado por uma escuta psicanalítica, mesmo por intermédio da figura da direção, agenciadora do discurso do Mestre. Dado o caráter desta dissertação, não há como apresentar conclusões fechadas, mas sim, abrir caminhos para práticas em educação que sigam em direção a uma ética do sujeito, considerando educadores e crianças como seres de linguagem, irremediavelmente incompletos e com uma face enigmática irredutível a qualquer rótulo diagnóstico. |