O manuscrito e o impresso: diários, cartas e papéis velhos na ficção de Machado de Assis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Seminatti, Tiago
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-20022024-181547/
Resumo: Esta tese investiga a presença de manuscritos, nomeadamente diários e cartas, na ficção de Machado de Assis. Em sua obra, textos em forma de manuscritos originam ou alteram os rumos da narrativa, conforme ocorre em quase uma dezena de contos e em romances. Em alguns casos, os manuscritos funcionam como um dispositivo narrativo que opera na conexão entre a ação e a análise dos personagens. Em outros, quando comparecem por meio do motivo do manuscrito encontrado, articulam a ficção sobre o modo de compor os textos e a narração, fazendo com que a dimensão metalinguística repercuta sobre as possibilidades de apreender sentidos na matéria narrada. Ademais, na obra machadiana, a ficção do manuscrito dialoga com a problemática envolvendo o caráter privado do discurso e sua intencional ou acidental publicação. Nesse cenário, os manuscritos que participam da encenação acerca da gênese do impresso são atribuídos a autores ficcionais, possibilitando que as narrativas sejam constituídas a partir de pontos de vista parciais que ressignificam a compreensão que se tinha de certo personagem ou de eventos passados. Assim, diários, cartas e papéis velhos sugerem versões divergentes e concorrentes de determinada história: não por acaso, desse conjunto de ficções, sobressaem-se os componentes da fidelidade, da traição, da dúvida, do interesse, e do autoengano, em relação ao ser consigo mesmo, à sua vida conjugal, aos seus pares, à sociedade, ou ao país. Nesse sentido, o emprego feito pela ficção de Machado de Assis de gêneros textuais comumente associados a manuscritos formaliza a tensão entre o manuscrito e o impresso por meio da dinâmica entre o que se deseja manter em segredo e aquilo que em determinado momento se permite revelar à sociedade, fazendo irromper a ideia de que é relativa a apreciação de qualquer fato ou história, ou seja, dependente da condição do observador e da forma de expressão por ele adotada