Condições semióticas da repetição

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Lemos, Carolina Lindenberg
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-09062015-111352/
Resumo: Trazida de áreas diversas dos estudos do homem, a repetição ganha papel central nesta tese de teor semiótico. Trata-se de fenômeno muito presente em todas as ações humanas e, em especial, nos textos. O caráter opcional de certas repetições nos textos traz à baila o problema de sua função, uma vez que, em certos casos, parece agir diretamente sobre o ritmo do conteúdo e o fluxo de entradas e saídas do campo de presença. Esse caráter regulador do ritmo divide a pesquisa em duas questões. De um lado, o efeito rítmico parece apontar para uma estrutura subjacente. Nesse sentido, podemos nos perguntar: qual é a configuração dessa estrutura? De que forma participa a repetição? Ou ainda, qual o seu lugar no esquema semiótico? De outro lado, a repetição parece envolver certa contradição: de que maneira um fenômeno que não traz novidades, apenas a retomada do conhecido, pode, por vezes, criar um efeito de tensão ou surpresa? Para responder a essas perguntas, partimos de uma revisão do papel da repetição em duas áreas vizinhas: a retórica e uma determinada corrente linguística. Essa discussão nos permitiu enxergar insuficiências nessas abordagens que podem ser supridas pela semiótica. Uma vez dentro da perspectiva semiótica, buscamos o lugar ocupado pela repetição, confrontando-a com conceitos como identificação, texto, língua e a própria noção de semiótica. Estabelecida a posição da repetição no texto, passamos a levantar e discutir as condições textuais necessárias para o aparecimento de repetições relevantes. Além do processo de identificação, a noção de saliência, baseada na oposição figura e fundo, revelou-se central para a explicação do fenômeno. Finalmente, a linearidade mostrou-se relevante, o que nos permitiu rediscutir seu estatuto teórico como uma manifestação possível da estrutura sintagmática subjacente. Tendo delineado as condições da repetição, iniciamos a investigação sobre os efeitos um tanto contraditórios que havíamos constatado nas ocorrências repetitivas. Vimos que a repetição pertence à ordem da extensidade ela se conta, não se mede , sendo assim, é instrumento de manifestação de um ritmo do conteúdo que lhe é pressuposto. Nesses termos, a repetição está subordinada a valências intensivas como o andamento e a tonicidade. Para assegurar a pertinência de nossos argumentos, estudamos a repetição no interior de objetos selecionados, nos quais está a serviço da estruturação textual. As análises dos objetos acabaram por evidenciar as relações da repetição com a concepção de aspecto, e três estilos de progressão textual ligados à repetição se confirmaram: o circular, o linear e o espiral. Esse trajeto mostrou-nos em que termos a repetição se liga a uma estrutura subjacente e a manifesta, mas também de que forma essa estrutura não só explica, como gera as variações de ritmo e andamento que se fazem sentir por meio da repetição. As contradições aparentes dos efeitos da repetição se explicam pelas próprias bases epistemológicas da disciplina. O caráter analítico e relacional da semiótica está na base da construção repetitiva, que, sem acrescentar nada de novo, pode levar o enunciatário à tensão, ao clímax e à surpresa.