Estressores cumulativos e recursos de parentalidade: preditores do comportamento de escolares que convivem com a depressão materna

• Ano de defesa: 2019
• Autor(a) principal: Rodrigues, Ana Paula Casagrande Silva
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Behavior; Child; Comportamento; Criança; Depressão; Depression; Estressores; Mães; Mothers; Parentalidade; Parenting; Stressors
• Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-29092022-093101/

A depressão materna é reconhecida como uma adversidade ao desenvolvimento infantil, sendo lacuna da literatura estudos que abordem a parentalidade e variáveis contextuais associadas a tal condição. Objetivou-se identificar as associações entre depressão materna, estressores cumulativos e recursos de parentalidade, e verificar o efeito preditivo de tais variáveis para os problemas comportamentais de crianças em idade escolar. Propôs-se um delineamento transversal, correlacional preditivo. A amostra, de conveniência, abarcou 100 díades mãe-criança, distribuídas em dois grupos: Grupo Depressão - 50 díades mãe-criança, cujas mães apresentaram diagnóstico de depressão recorrente; e Grupo Comparação - 50 díades, com mães sem história de transtornos psiquiátricos. Incluiu-se crianças de ambos os sexos, com idade entre sete e 12 anos, com nível intelectual maior ou igual ao médio inferior. A identificação das mães foi realizada junto a serviços de saúde, e as crianças foram identificadas por meio de suas mães. Procedeu-se à coleta de dados em situação individual, face a face. As mães responderam aos seguintes instrumentos: Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV; Questionário Geral; Questionário de Capacidades e Dificuldades; Escala de Eventos Adversos; Escala de Adversidade Crônica, Inventário de Recursos do Ambiente Familiar; e Entrevista com Roteiro Semiestruturado para avaliação dos estressores cumulativos e dos recursos de parentalidade. As crianças responderam ao teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven e ao Teste do Desempenho Escolar. Os instrumentos foram codificados conforme as normas técnicas e as entrevistas codificadas foram submetidas à concordância entre avaliadores. Verificou-se a normalidade das distribuições das variáveis, sendo utilizados: Teste do Qui-Quadrado ou Teste Exato de Fisher, Teste t de Student, Correlação de Pearson, Regressão Linear, Regressão Logística Bivariada e Multinomial, e curva ROC, com p ≤ 0,05. Nas comparações, detectou-se com significância estatística, que no Grupo Depressão: as crianças apresentaram mais dificuldades comportamentais quanto ao total, Sintomas Emocionais e Problemas de Relacionamento com Colegas; identificou-se mais eventos adversos, mais adversidades crônicas, mais estressores cumulativos; e menos recursos do ambiente familiar e de parentalidade. Foram identificadas correlações significativas, na maioria moderadas, entre as variáveis depressão materna, problemas comportamentais, estressores cumulativos e recursos de parentalidade. Com base na regressão linear simples, constatou-se que a gravidade da depressão materna, os estressores cumulativos e os recursos de parentalidade foram preditores de todos os problemas comportamentais, exceto a depressão materna para Hiperatividade. As análises de regressão linear múltipla revelaram como preditores: a depressão materna e os estressores cumulativos para Sintomas Emocionais e Problemas de Relacionamento com Colegas; os estressores cumulativos para Total de Dificuldades e Problemas de Conduta; e os recursos de parentalidade para Hiperatividade. Na regressão logística multinomial, somente a depressão materna afetou significativamente a probabilidade das crianças apresentarem problemas Internalizantes. Verificou-se pelas análises de mediação que os recursos de parentalidade mediaram a associação entre depressão materna e Total de Dificuldades. Esses dados evidenciaram que os problemas de comportamento são multideterminados, tendo as variáveis estudadas peso distinto. Tais achados têm implicações para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e intervenção em saúde mental materna e infantil, com destaque para os programas de orientação de pais.