Educação e luta de classes: a educação infantil brasileira no século XXI

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lagoa, Maria Izabel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-11052023-095747/
Resumo: Ao final do século XX, a ofensiva neoliberal sobre a educação escolar infantil impactou especialmente as crianças pertencentes à classe trabalhadora. Diante desse contexto, esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre os desdobramentos da expansão do discurso neoliberal no campo da educação infantil, em especial no Brasil, para então compreender seu impacto sobre a educação escolar e apontar as implicações concretas no processo de ensino e aprendizagem das crianças filhas da classe trabalhadora brasileira em seus anos iniciais de vida. Para tanto, utilizamos como fundamento teórico os pressupostos ontognoseometodológicos do materialismo histórico-dialético e as reflexões e argumentos elaborados pelos principais pesquisadores da Teoria histórico-cultural. Argumentamos que ao longo da história, a formação e desenvolvimento da educação se articulou, antitética e dialeticamente, com a dinâmica das relações sociometabólicas estabelecidas. De maneira que a forma de educação escolar moderna é determinada pelo movimento das contradições inerentes à luta de classes na sociedade capitalista. De modo que apontamos que a educação infantil, como parte do todo que compreende a educação escolar, ao mesmo tempo que carrega em si sua contradição de essência, contém também elementos histórico específicos que atribuem características particularidades nesta contradição. Com a necessidade de recomposição orgânica do capital e das suas formas ideomediativas hegemônicas, desencadeada pelo agravamento da crise estrutural do capital na década de 1970, a educação infantil se tornou um elemento estratégico na luta de classes. No Brasil, a partir de 1990, a chegada do discurso neoliberal, articulado aos elementos históricos objetivos específicos da realidade brasileira, determinou a expansão da educação infantil marcada pela progressiva precarização do atendimento escolar e a imposição de reformas curriculares direcionadas para a redução do ensino escolar ao mundo pseudoconcreto. Nesse processo, verificamos que os filhos da classe trabalhadora, que tem na escola um dos poucos espaços de apropriação intencional e sistematizada do conhecimento, se tornam reféns das suas condições sociais e econômicas precárias e do cotidiano alienado e alienante da sociedade capitalista desde seus anos iniciais de vida.