Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1986 |
Autor(a) principal: |
Lavezzo, Otávia Elisa Nogueira Mendes |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11139/tde-20220208-012502/
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Resumo: |
Com o objetivo de verificar a influência de métodos de coleta de fluido ruminal sobre os parâmetros de fermentação, foi conduzido um experimento, utilizando sonda esofagiana e fístula ruminal como as vias para amostragem do conteúdo do rúmen. O ensaio foi feito com duas repetições (blocos) e num esquema fatorial 2 x 2 x 9 x 4 tratamentos. Os fatores foram: métodos de coleta do fluido ruminal (sonda esofagiana e fístula ruminal); dietas isoproteicas (levedura de fermentação alcoólica e farelo de algodão); tempos de amostragem do fluido ruminal (0, 1, 2, 4, 6, 8, 12, 16 e 24 horas após a alimentação); animais utilizados (quatro vacas com fístula no rúmen). Estabeleceram-se dois períodos experimentais, cada um com duração de 15 dias e sendo antecedido por um período preliminar de adaptação de 21 dias. No quinto e décimo segundo dias de cada período experimental, foram feitas as coletas de fluido ruminal pelos dois métodos, primeiro via sonda esofagiana e, em seguida, via fístula ruminal, nos nove horários pós-alimentação, nos quatro bovinos, estando dois sob a dieta com levedura (D1) e dois sob a dieta com farelo de algodão (D2). As dietas experimentais foram administradas uma vez por dia, na forma de ração completa e com um consumo fixo e restrito de 1,41 kg MS/100 kg PV/dia. As amostras de fluido ruminal foram destinadas às mensurações dos parâmetros de fermentação ruminal: pH, concentração (mg/100 ml de fluido) de nitrogênio amoniacal (N-NH3) e nível (mM) de ácidos graxos voláteis (AGV). As amostras obtidas via sonda esofagiana apresentaram valor médio de pH maior (7,28), teor médio de N-NH3 menor (9,75 mg/100 ml) e concentrações médias de AGV, igualmente, menores (respectivamente, 66,59; 44,11; 12,62; 8,08; 0,93 e 0,85 mM, para AGV totais e ácidos acético, propiônico, n-butírico, isovalérico e n-valérico), em relação às coletadas através de fístula ruminal, cujos resultados foram: 6,75 (pH); 10,77 mg/100 ml (N-NH3); 85,38 mM (AGV totais); 56,04 mM (ácido acético); 16,48 mM (ácido propiônico); 10,65 mM (ácido n-butírico); 1,14 mM (ácido isovalérico) e 1,08 mM (ácido n-valérico). Em todos os horários de coleta, as amostras obtidas via sonda esofagiana apresentaram valores de pH superiores (P < 0,01), enquanto, par a os AGV totais, os níveis mensurados foram inferiores (P < 0,01), devido, em ambos os casos, a interferência da saliva ser grande nas amostras coletadas por este método. As inferências a serem feitas, a partir dos estudos de ruminologia devem ser cuidadosas dada às interferências do método de coleta sobre as mensurações dos parâmetros indicativos da atividade ruminal. Pelo observado na presente pesquisa, deve-se preferir o método de coleta por fístula ruminal, pois parece refletir melhor os valores reais dos parâmetros de fermentação. Ambas as dietas apresentaram boa disponibilidade de N-NH3, o que deve ter favorecido a atuação dos microorganismos. As produções altas e iguais de ácido acético, nas 24 horas de observação, demostram que as bactérias celulolíticas foram beneficiadas, desenvolvendo-se, provavelmente, mais que as outras. Com relação aos valores mais baixos de pH e mais altos de N-NH3, de AGV totais e individuais, registrou-se, na presente pesquisa, uma tendência de ocorrência dos mesmos no período diurno. Nas dietas utilizadas, deve ter ocorrido um processo de fermentação, predominantemente, celulolítico, visto que, nos tempos 4 a 8 horas, foram registrados os maiores valores da maioria dos parâmetros da avaliação da fermentação ruminal, portanto, dentro da faixa de 6 a 12 horas, referida pela literatura, para que o processo de digestão de celulose seja intensificado. Os dados colhidos, neste trabalho experimental, mostraram que pH, N-NH3 e AGV apresentaram flutuações, no tempo, indicativas do caráter dinâmico e cíclico da atividade metabólica, no rúmen. Observa-se, assim, a importância da escolha dos horários de amostragem para a representação correta das tendências prevalentes no rúmen, bem como para a indicação da atividade ruminai decorrente da atuação máxima dos microorganismos. A extensão do período de coleta de fluido ruminal para até 10 - 12 horas após a alimentação pode ser aconselhada em lugar da amostragem restrita até 2 a 4 horas pós-ingestão do alimento. Pode-se afirmar que as variações observadas entre os animais provêm de diferenças acentuadas no padrão de fermentação por eles apresentado, independentemente de dieta, explicadas, em parte, pela diferença entre vacas quanto à taxa de passagem da ingesta pelo rúmen e incrementada pelo provável efeito da saliva, resultante do "stress" no momento da coleta, sobre a taxa de diluição da fase líquida do rúmen. A partir das observações feitas na presente pesquisa, deve-se recomendar cautela com as inferências feitas para uma população, com base em estudos de ruminologia realizados com poucos animais, pois os dados obtidos estão sujeitos a uma grande variação, determinada, sobretudo, pelas diferenças individuais, visto que a parcela experimental é o animal e não apenas o rúmen adulto. |