Resumo: |
Os fungos do gênero Metarhizium (Hypocreales: Clavicipitaceae) são conhecidos pelo potencial como agentes de controle de artrópodes que causam danos econômicos a agricultura como cigarrinhas, coleopteros, lagartas e ácaros. Algumas espécies de Metarhizium são capazes de produzir estruturas de resistência conhecidas como microescleródios. Essas estruturas oferecem vantagens ao controle de pragas devido à grande formação de conídios in situ e persistência no ambiente sob condições adversas de temperatura e radiação solar. Ainda, a produção in vitro de microescleródios de Metarhizium em fermentação líquida é mais rápida e com controle maior das condições de cultivo comparada com a produção de conídios aéreos. Entretanto, o potencial de microescleródios como inoculantes de sementes para o controle de pragas de parte aérea de plantas não foi explorado. No presente estudo verificou-se a habilidade de microescleródios de Metarhizium spp em promover o crescimento vegetativo de plantas de milho e proteção de plantas ao ataque de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae), através do tratamento de sementes de milho. A produção de microescleródios foi realizada por fermentação em meio líquido com relação carbono:nitrogênio de 10:1, contendo extrato de levedura como fonte de nitrogênio. Uma seleção para encontrar os isolados com maior produção de microescleródios foi realizada com o cultivo de 48 isolados de Metarhizium spp. nativos do Brasil (Metarhizium anisopliae, Metarhizium robertsii, Metarhizium humberi e Metarhizium sp. Indeterminada 2 e 3). Os isolados mais produtivos de cada espécie, M. anisopliae ESALQ1814, M. robertsii ESALQ2450 e M. humberi ESALQ1638, foram utilizados para promover o crescimento de plantas de milho e proteção contra pragas, através do tratamento de sementes de milho com grânulos de microescleródios. Em geral, as plantas de milho inoculadas com os três isolados de Metarhizium spp. apresentaram maior desenvolvimento (área e peso seco de folha, comprimento e peso seco de raiz, comprimento e peso seco de plantas) do que as plantas não inoculadas. Lagartas de S. frugiperda apresentaram diminuição na sobrevivência (mortalidade maior que 55% no sétimo dia) que o controle, quando alimentadas com plantas de milho inoculadas por fungo. Por outro lado, não houve efeito na sobrevivência de adultos de Dalbulus maidis alimentados com plantas inoculadas por fungo. Os resultados obtidos sugerem que a inoculação de semente de milho por microescleródios de Metarhizium spp. representa alternativa ao controle convencional de pragas, e possui potencial para promover o crescimento de plantas e auxilia no manejo de S. frugiperda. |
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