Influência do intervalo entre a cirurgia e a radioterapia adjuvante nos desfechos clínicos dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Franco, Rejane Carolina de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5155/tde-29102019-102552/
Resumo: Introdução e objetivos: A radioterapia (RT) tem importante papel no tratamento dos pacientes com neoplasia de cabeça e pescoço, sendo frequentemente utilizada como terapia adjuvante a fim de diminuir a probabilidade de recorrência local. Além dos fatores clínicos, variáveis como a duração total do tratamento e o intervalo entre o diagnóstico e início da terapêutica também podem impactar sobre o resultado clínico. É incerto qual o limiar de tempo seguro para aguardar o início da RT adjuvante após a cirurgia com intenção curativa sem que haja comprometimento dos resultados oncológicos. O presente estudo tem o objetivo de avaliar o efeito do intervalo de tempo para iniciar a RT adjuvante sobre o desfecho clínico de controle locorregional dos pacientes com neoplasia de cabeça e pescoço. Materiais e métodos: Estudo de coorte retrospectivo, no qual foram incluídos pacientes com diagnóstico de carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço submetidos à ressecção cirúrgica com intenção curativa seguida de RT, com ou sem quimioterapia adjuvante, no período de janeiro de 2009 à janeiro de 2015. Os dados foram coletados a partir de prontuário eletrônico. O intervalo de tempo entre a cirurgia e a RT adjuvante considerado foi dicotomizado por meio do método de curva Receiver Operating Characteristics (ROC) aos 92 dias. Também foram exploradas possíveis fontes de heterogeneidade por meio da análise regressa, levando em consideração o efeito potencial de outros fatores sobre o desfecho de controle locorregional. Resultados: Foram avaliados 168 pacientes. A maioria deles (n = 132; 78,6%) do sexo masculino, com tumor de cavidade oral (n = 95; 56,5%) e idade média de 62 anos (variação 41-92 anos). Aproximadamente 93% dos pacientes apresentavam doença localmente avançada estádios clínicos III ou IV. A análise univariada demonstrou que os fatores que apresentaram significância estatística em relação ao controle locorregional foram: presença de invasão perineural (p < 0,001), linfonodos comprometidos (p < 0,001), extravasamento extracapsular em linfonodos (p = 0,014), duração do tratamento radioterápico < 30 dias (p = 0,001), RT em leito tumoral com dose < 60 Gy (p = 0,03) e KPS antes da RT < 70 (p = 0,001). Na análise multivariada, KPS menor que 70 (HR = 2,058; IC95%: 1,060-3,992; p = 0,033), dose no leito inferior a 60 Gy (HR = 6,523; IC95%: 2,266-18,777; p = 0,001), presença de linfonodos comprometidos no pescoço (HR = 3,339; IC95%: 1,350-8,255; p = 0,009) e presença de invasão perineural (HR = 3,529; IC95%: 1,236-10,074; p = 0,018) foram as variáveis independentes relacionadas à menor controle locorregional. A taxa de sobrevida acumulada livre de recidiva foi de 66,4% para os pacientes que iniciaram a RT com mais de 92 dias pós-operatórios versus 75,4% para aqueles que iniciaram a RT dentro de 92 dias (p=0,397). Os pacientes cujo tempo total de tratamento (período entre a data da cirurgia até o último dia da RT) foi superior a 150 dias apresentaram taxa de recidiva locorregional de 41,8%, enquanto nenhum paciente com duração do tratamento inferior a 150 dias apresentou recidiva (p <= 0,001). Conclusão: O intervalo de tempo entre a cirurgia e a RT não demonstrou impacto sobre as taxas de controle locorregional em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Outros fatores como a dose de tratamento mínima de 60 Gy e o tempo total de tratamento inferior a 150 dias foram determinantes sobre o desfecho de controle locorregional