Fatores de virulência de Candida em pacientes com câncer de cabeça e pescoço tratados em um centro de referência do estado do Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Siqueira, Giselle Diniz Guimarães
Orientador(a): Fernandes, Ormezinda Celeste Cristo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/47822
Resumo: Introdução: Fungos são colonizadores da cavidade oral de pacientes com câncer de cabeça e pescoço. A radioterapia utilizada no tratamento dessas neoplasias leva a alterações no microambiente oral devido à diminuição do fluxo salivar e alteração da microbiota predispondo assim às infecções fúngicas por Candida. A habilidade de Candida causar infecção oral depende além de fatores relacionados ao hospedeiro, dos fatores de virulência produzidos por esses fungos. Objetivo: Avaliar a frequência e os fatores de virulência de Candida em pacientes com câncer de cabeça e pescoço atendidos em um centro de referência da cidade de Manaus-AM antes, durante e após um mês de tratamento radioterápico. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional do tipo antes e depois, realizado em uma amostra inicial de dezoito pacientes com diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço submetidos à radioterapia e sob protocolo profilático de nistatina. Foram coletados dados relacionados às características socioeconômicas dos pacientes, idade, sexo, estado civil, escolaridade, moradia e os dados clínicos hábitos tabagistas e etilistas, diagnóstico, estadiamento clínico, protocolo de tratamento antineoplásico, histórico familiar e sinais e sintomas orais. Foi possível proceder à avaliação em três intervalos de tempo, antes, na segunda semana e após um mês do tratamento das amostras de onze pacientes cuja coleta do material biológico bucal foi feita por meio de um swab estéril e semeadas em CHROMagar TM Candida para o isolamento das espécies. Os isolados foram testados para os fatores de virulência, crescimento a 37ºC, produção de proteinase, fosfolipase, urease e hemolisina. Resultados: Foi observada predileção pelo sexo masculino, faixa etária entre a quinta e sexta década de vida, grau de escolaridade ensino médio completo, com renda entre um e três salários mínimos, tabagismo foi relatado em mais da metade dos casos, laringe e boca foram os sítios prevalentes, o tipo histológico mais comum foi o carcinoma de células escamosas. Os pacientes foram irradiados com uma dose média de 25,75 ± 8,28 centigreys (cGy) na segunda semana e 44,56 ± 5 cGy na quarta semana. Candidíase oral foi observada em 1(9%) paciente antes do tratamento, em 45,5% na segunda semana e em 1(9%) na quarta semana de tratamento. A xerostomia e disgeusia foram as manifestações orais mais expressivas. C. albicans (58,3%) foi espécie mais isolada nos três períodos avaliados, além desta foram isoladas C. tropicalis (8,3%), C. guillermondi (8,3%), Candida sp.(16,7%) e Exophiala dermatitidis (8,3%). Os isolados foram produtores apenas de proteinase, foi observada a produção em 45,5% antes do tratamento, 27,3% na segunda semana e em 27,3% das amostras na quarta semana de tratamento. Conclusões: Nossos resultados sugerem que a colonização por Candida pode ser aumentada pela radioterapia, que a produção de proteinase parece ser mais expressiva durante a segunda semana de tratamento, que espécies de Candida não albicans são colonizadoras de pacientes com neoplasias malignas de cabeça e pescoço e apresentam potencial de virulência, e que o uso profilático da nistatina parece ser eficaz no combate às infecções bucais durante o tratamento agindo sobretudo em Candida não albicans. Este trabalho expõe a necessidade de estudos relacionados à colonização e infecção por Candida e outras leveduras durante o tratamento radioterápico, ademais, sugerimos que os pacientes irradiados na região de cabeça e pescoço sejam avaliados periodicamente quanto à colonização e infecção fúngica na cavidade bucal para que medidas profiláticas sejam implementadas.