Avaliação de toxicidades tardias em pacientes com carcinoma epidermoide de cabeça e pescoço submetidos a quimiorradiação concomitante baseada em cisplatina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Rivelli, Thomás Giollo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5155/tde-24102018-132812/
Resumo: Introdução: A quimiorradioterapia (QRT) concomitante baseada em cisplatina é uma opção de tratamento empregada para os pacientes com carcinoma epidermoide de cabeça e pescoço (CECCP) localmente avançado e com bom performance status, seja em caráter adjuvante ou definitivo. O ganho de sobrevida com esta modalidade de tratamento é acompanhado de aumento das toxicidades agudas em comparação com a radioterapia isolada. A ocorrência de toxicidades tardias é menos reportada na literatura e incluem xerostomia, disfagia, hipotireoidismo, ototoxicidade, fístula/necrose cutânea, dentre outras. Tais sequelas tardias podem comprometer a qualidade de vida do sobrevivente ao CECCP. Objetivos: Verificar a prevalência de toxicidades tardias em sobreviventes ao CECCP tratados com QRT baseada em cisplatina. Métodos: Estudo transversal, uni-institucional, que incluiu de forma sequencial pacientes acima de 18 anos, tratados para CECCP (sítios primários: nasofaringe, orofaringe, cavidade oral, hipofaringe e laringe) e que haviam recebido QRT adjuvante ou definitiva, baseada em cisplatina. Estes pacientes estavam em seguimento há pelo menos 2 anos, sem evidência de doença. Os pacientes realizaram audiometria, endoscopia digestiva alta (EDA), nasofibrolaringoscopia da deglutição (NFL), exames laboratoriais (toxicidade tireoidiana e renal). Os pacientes incluídos também foram examinados clinicamente e as toxicidades apresentadas foram graduadas de acordo com a escala de toxicidades tardias do RTOG/EORTC. Os sobreviventes foram ainda avaliados quanto à percepção das toxicidades através de um inventário de sintomas e responderam questionários de qualidade de vida. Resultados: De janeiro de 2014 a fevereiro de 2017, 120 pacientes assinaram o TCLE. A idade mediana dos pacientes é 59 anos (21-78), com predomínio do sexo masculino (73%) e da cor branca (58%). Antecedente de tabagismo foi referido por 80% da amostra e de etilismo por 63%. Referente ao sítio primário, a maioria dos pacientes apresenta tumor em orofaringe (42%), seguido por laringe (23%) e cavidade oral (19%). O tempo de seguimento mediano é 42 meses (24-125). Há predomínio de pacientes com doença localmente avançada, tumores T3/T4 em 75% da amostra e N+ em 72%. A dose mediana de cisplatina recebida durante a concomitância foi 300 mg/m² (100-300) e de radioterapia foi 70 Gy (60-70,4). A QRT foi oferecida em caráter adjuvante em 49% da amostra. As toxicidades mais relatadas pelos pacientes foram: xerostomia (83%), alteração na voz (74%), saliva pegajosa (73%) e disfagia (73%). Ao se graduar as toxicidades conforme escala do RTOG/EORTC, verificou-se que a maioria das toxicidades apresentadas eram de graus leves, 1 ou 2. EDA encontrou estenose faríngea em 10% dos pacientes e NFL identificou fibrose em 37% dos sobreviventes. Dos pacientes submetidos a audiometria, 42% apresentaram perda auditiva de possível causa ototóxica. Cerca de 14% dos sobreviventes apresentam clearance de creatinina estimado < 60 mL/min/1,73m². Conclusões: Toxicidades tardias foram frequentemente reportadas pelos sobreviventes ao CECCP após QRT, porém, na maioria das vezes, de intensidade leve (graus 1 ou 2). Após a QRT, um seguimento cuidadoso é essencial para diagnóstico precoce e reabilitação a essas toxicidades, a fim de preservar a funcionalidade e qualidade de vida dos pacientes