Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Viana, Rayssa de Almeida |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100136/tde-05052021-134313/
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Resumo: |
Em 2012, cerca de 70% da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), situada na Baía do Almirantado (BA), foi destruída por um incêndio acidental. Após o incidente, a Marinha do Brasil e o Ministério do Meio Ambiente coordenaram a retirada de destroços e solos contaminados, que foram trazidos para o Brasil. Paralelamente, ao processo de recuperação ambiental, a nova EACF começou a ser construída. Com intuito de avaliar se resíduos do incêndio e da construção foram drenados para o mar, foram realizadas análises geoquímicas (elementos metálicos, metaloides), de poluentes (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos - HPAs) e da meiofauna (foraminíferos) de 21 amostras, coletadas em várias localidades da BA, em 2016 e 2018. A rede amostral situou-se entre isóbatas de 20 e 60m, abrangendo dois transectos situados em frente aos antigos tanques de combustíveis e ao heliponto que foram destruídos pelo fogo, bem como em outros pontos distribuídos nas enseadas Martel e Mackellar (desembocadura). Os sedimentos analisados são litoclásticos (>16% de CaCO3) predominantemente síltico-arenosos, com matéria orgânica de origem marinha ou mista (C/N <6,6) e baixos valores de HPAs (<370 ng.g-1). Os elementos metálicos Cr, Pb, Hg e Zn estão abaixo de TEL estabelecido pela Legislação Canadense e do nível 1 da Resolução brasileira CONAMA 454/2012. Os valores de As, Cu, Cd e Ni de várias amostras estão entre TEL e PEL e tendem a ser mais elevados próximos ao Refúgio brasileiro Cruls na enseada Mackellar, principalmente em 2018. Contudo, valores de Igeo sugerem que não há contaminação na BA e que os elementos analisados são provavelmente de origem crustal. Os dados da meiofauna reforçam essa interpretação de ausência de contaminação antrópica. A biocenose caracteriza-se pela dominância das espécies calcárias Globocassidulina subglobosa e Pseudobolivina antartica, bem como por baixos valores de densidade (<63 especimens/100cm-3) e riqueza (<16 espécies). Em 2018, os valores de densidade de foraminíferos vivos diminuem sensivelmente (média 25 especimens/20cm-3). De modo geral, os maiores valores de densidade são observados nos pontos amostrais da isóbata de 60m, situados em frente aos tanques e heliponto. Análises estatísticas mostram correlações significativas entre porcentagem de lama, valores de metais, HPAs e as espécies de Globocassidulina subglobosa, Eggerela minuta e Adercotryma glomeratum. Essas espécies foram encontradas em toda região da BA em 2016 e 2018 e têm como característica principal comportamento oportunista de fácil adaptação a ambientes instáveis, sujeitos à degelos durante verão austral e aporte esporádicos de matéria orgânica. A partir dos dados geoquímicos, de poluentes e da biocenose de foraminíferos é possível inferir que não há fortes indícios de poluição antrópica na BA. Os dados de biocenose, realizados pela primeira vez na BA, podem ser utilizados como uma base de referência para compreender impactos naturais ou antropogênicos em ecossistemas antárticos costeiros |