Comparação entre faunas viva e morta de foraminíferos bentônicos do talude continental e platô da Bacia de Santos, SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Gustavo Brito Raimundo da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21136/tde-27092022-111125/
Resumo: Com o estabelecimento da Década dos Oceanos (2021 - 2030), ressaltou-se a importância de estudar e preservar os ambientes marinhos de todo o mundo. Portanto, cada vez são realizados mais estudos ecológicos que visam ao biomonitoramento e à recuperação de ambientes afetados por estressores ambientais. Um dos principais problemas relacionados a esses estudos é a impossibilidade de se estabelecer uma base de dados comparativa para o estado atual dos ambientes. Uma forma de contornar este tipo de impasse é a realização de estudos paleoecológicos, cujos resultados, se interpretados corretamente, podem servir para identificar eventos históricos ocorridos nos ecossistemas estudados e definir as condições ambientais originais dos oceanos. A comparação entre fauna viva (biocenose) e fauna morta (tanatocenose) é uma forma eficaz de identificar mudanças ambientais em sistemas marinhos, sejam elas naturais ou antropogênicas, mas é necessário que essa comparação seja realizada com cautela, para evitar interpretações equivocadas que geralmente são ocasionadas devido à ocorrência de processos tafonômicos, que alteram a fauna morta. O presente estudo tem como principal objetivo, portanto, verificar a viabilidade de estudos paleoecológicos para avaliação ambiental a partir indivíduos mortos de foraminíferos, através da comparação entre as faunas viva e morta do talude superior (400 m) até o talude inferior e platô (2400 m) ao longo de cinco transectos na região offshore da Bacia de Santos, uma importante área petrolífera da costa brasileira. Os dados obtidos demonstram uma maior quantidade de foraminíferos mortos (8.417.036 indivíduos) em relação a foraminíferos vivos (31.145 indivíduos), bem como uma dominância de foraminíferos de parede calcárea hialina (96,48%) na fauna morta. Os resultados indicam que há uma grande perda de foraminíferos aglutinantes, principalmente nas regiões mais rasas, onde os dados granulométricos indicam maiores velocidades estimadas de corrente de fundo. A riqueza de espécies apresentou um padrão oposto na fauna morta (apresentam valores mais altos nas maiores profundidades) e na fauna viva (apresentam os maiores valores nas menores profundidades). A densidade de foraminíferos, por outro lado, ocorreu de maneira similar em ambas as associações (maior número de indivíduos nas menores profundidades). A distribuição de foraminíferos e os índices ecológicos da fauna morta apresentaram padrões de distribuição mais claros em relação à profundidade do que em relação aos transectos, não tendo sido possível encontrar espécies restritas a regiões específicas na fauna morta. Os baixos valores de similaridade encontrados a partir do índice Renkonen (entre 1,9% 27,93%) podem ser um indicativo de ocorrência de transporte das testas e de sazonalidade das comunidades vivas de foraminíferos. Dentre as espécies encontradas, a mais abundante na fauna morta é a Globocassidulina subglobosa que, por apresentar caráter oportunista, tende a responder intensamente a aportes sazonais de matéria orgânica (MO). Essa espécie é, provavelmente, a espécie oportunista mais importante do talude continental e platô de São Paulo da Bacia de Santos (TCPBS). Nesse estudo, foi possível identificar que as espécies Bolivina albatrossi, Epistominella exigua, Hoeglundina elegans, Globocassidulina subglobosa, Gavelinopsis translucens, Pullenia bulloides, Trifarina bradyi, dentre outras, são boas indicadoras ambientais e podem ser utilizadas em estudos paleoecológicos no talude continental e Platô de São Paulo. Entretanto, a fauna morta de foraminíferos bentônicos não é adequada para identificação das condições oceânicas atuais, principalmente devido aos processos tafonômicos atuantes na Bacia de Santos. As espécies Planulina ariminensis, Islandiella norcrossi, e Siphouvigerina proboscidea são espécies representativas das águas mais rasas, enquanto que as espécies Globocassidulina subglobosa, Ioanella tumidula, Pullenia bulloides, Seabrookia pellucida e Hoeglundina elegans demonstram que podem ser utilizadas em estudos paleoecológicos em toda a faixa de profundidades estudada.