Avaliação ambiental da enseada MacKellar, ilha Rei George, Antártica, por meio de indicadores biológicos (foraminíferos) e sedimentológicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Samanez Sarmiento, Joel Augusto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100136/tde-04022021-140104/
Resumo: Ecossistemas do continente antártico têm características únicas devido ao seu isolamento geográfico. O continente ainda tem ambientes quase intangíveis que dependem dos ecossistemas marinhos, especialmente de águas costeiras. Por causa da variedade de fatores que influenciam os ecossistemas marinhos, o estudo das relações entre organismos e parâmetros abióticos é necessário para obter uma compreensão de todo o ecossistema. O Peru é um país signatário do Tratado Antártico (1981), e desde 1988, vem realizando estudos de pesquisa principalmente na baía do Almirantado e áreas próximas. Conta com a Estação Científica Antártica Machu Picchu (ECAMP), localizada na enseada MacKellar, a qual mantem suas atividades durante o verão austral. Nesse contexto, o presente estudo tem por objetivo fazer a avaliação ambiental da enseada MacKellar por meio de indicadores biológicos e sedimentológicos (nutrientes, elementos metálicos e metaloide). Para isto foram analisadas 37 amostras de sedimento superficial, coletadas no verão de 2019. As amostras, coletadas em profundidade de 20 a 109 m, apresentam predominância de sedimentos litoclásticos síltico-argilosos (83%), com matéria orgânica de origem predominantemente marinha. As associações de foraminíferos encontradas são típicas da zona costeira antártica, com baixos valores de densidade de indivíduos vivos e mortos, diversidade e riqueza, e com predominância de espécies calcárias. Nos pontos amostrais situados próximos à linha de costa e às geleiras, os valores de densidade são muito baixos (1 a 20 ind.60cm-3), provavelmente devido ao revolvimento do fundo por ocasião de passagens de frentes frias, além da concentração de blocos de gelo. Nas partes centrais mais profundas e próximos a entrada da enseada, os valores de densidade são maiores na biocenose (>100 ind.60cm-3) e na tanatocenose (>200 ind.cm-3). Na biocenose foram encontradas 2251 carapaças pertencentes a 25 gêneros e 28 espécies, sendo Epistominella exigua com 22,59% e Bolivinellina pseudopunctata com 22,22%, as espécies dominantes. Na tanatocenose, foram encontradas 6961 carapaças, as quais pertencem a 31 gêneros e 34 espécies. Globocassidulina biora com 42,61% foi a espécie dominante. A análise de componentes principais (ACP) permitiu ver que a distribuição dos foraminíferos está fortemente ligada às variáveis físico-químicas. Na biocenose, as principais espécies de foraminíferos apresentam uma correlação positiva com os teores de CaCO3, Corg total e a profundidade e por sua vez, uma correlação negativa com a salinidade. Na tanatocenose, os foraminíferos apresentam uma correlação positiva muito fraca com a profundidade e o oxigênio dissolvido (OD), por sua vez, apresentam correlação positiva com silte, Corg total e Ntotal. Com respeito às concentrações de metais e metaloide, exceto pelo cobre (Cu) e arsênio (Ar) com concentrações média de 83 e 12.3 mg.kg-1, respetivamente, que estão entre TEL e PEL; os demais estão abaixo dos valores de TEL estabelecido pela legislação canadense e do nível 1 da resolução CONAMA 344. A presença de metais nos sedimentos, não evidencia poluição antrópica na enseada, pelo contrário, indica influência do intemperismo de fontes terrígenas nas áreas próximas