A (im)possibilidade da escuta significativa no contexto educacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Cunha, Merielen
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-12092018-213007/
Resumo: A comunicação, tão fundamental para a constituição do sujeito, é marcada pela linguagem que nos insere no simbólico. Distanciando-nos do conceito positivista de comunicação e aproximando-nos da Análise de Discurso de matriz francesa pecheuxtiana, aceitamos a opacidade e incompletude da linguagem, que pode ser analisada e percebida pela escuta aqui denominada significativa. Uma escuta que permita um diálogo dentro de nós mesmos com as muitas falas que nos constituíram e nos constituem. A instituição escolar é um lugar que propicia interações e inserção social, assim, o estudo visa a analisar e refletir como a escuta é concebida e realizada no contexto educacional, pois, nesse ambiente, em geral prevalece o discurso autoritário cujo funcionamento impede a reversibilidade (dinâmica da interlocução). Os procedimentos metodológicos desta pesquisa contaram com a revisão bibliográfica, pesquisa de campo com observações em sala de aula e entrevistas semiestruturadas com educadoras de duas escolas públicas no interior do estado de São Paulo. As entrevistas foram gravadas em áudio e depois transcritas. O corpus, recortes de dados determinados pelas condições de produção, foi constituído e analisado com base nos dispositivos teóricos da Análise de Discurso de matriz francesa pecheuxtiana e algumas contribuições da Psicanálise e das Ciências da Educação. As análises indicam que o sujeito-educador filiado ao discurso autoritário mascara a escuta significativa reduzindo-a ao silêncio do educando durante as explicações ou à participação deles quanto ao conteúdo explicado pelo educador; há tentativas de rompimento e deslizamentos de posições que possibilitam a dinâmica da interlocução, no entanto, não são legitimadas pela instituição escolar que, por sua vez, escamoteia a subjetividade docente. Romper com a predominância do discurso autoritário no contexto educacional é um desafio, mas que acreditamos ser possível com a construção de espaços discursivos que oportunizem aos sujeitos-educadores uma experiência de encontro, de diálogo e de desejo.