A inclusão de alunos com surdocegueira na rede municipal de ensino de São Paulo: relatos de profissionais especializados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Emi, Lia Cazumi Yokoyama
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-24042017-165501/
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo geral propiciar uma reflexão sobre as mudanças na educação a partir do olhar de profissionais especializados da Rede Municipal de Ensino de São Paulo que atuaram na inclusão de alunos com surdocegueira. Os objetivos específicos eram: pontuar elementos das histórias de vida das colaboradoras que participaram da pesquisa e sobre a sua atuação profissional, principal-mente na EMEBS; problematizar as escolhas e ações durante o exercício de sua profissão, visando com-preender seu olhar sobre o objetivo da educação; analisar os relatos dessas profissionais sobre as mu-danças metodológicas, buscando reunir informações sobre esse processo. As questões que nortearam o estudo foram: Como se deu a chegada de alunos com surdocegueira nessas unidades? O que essa che-gada causa nos professores especialistas? Como compreender a educação especial em uma perspectiva inclusiva, frente a uma escola bilíngue para Surdos? Qual o papel dos profissionais envolvidos nesse processo e qual a relevância de um espaço especializado? Optou-se pela abordagem qualitativa e as fontes primárias para a realização da pesquisa foram as histórias de vida de quatro colaboradoras, todas mulheres, todas da mesma unidade educacional. A coleta foi feita por meio de entrevistas orais e os critérios utilizados para a escolha das participantes foram: profissionais que atuassem ou tivessem atu-ado nas EMEBS; que soubessem Libras; que tivessem atuado direta ou indiretamente na inclusão de alunos com surdocegueira nessas unidades; e que tivessem interesse em contribuir, voluntariamente, com o estudo. Após da realização das entrevistas, todo o material em áudio foi transcrito, mas apenas parte das informações foram utilizadas em uma discussão que teve como base teórica as obras de Arendt, Adorno e Horkheimer. Foi possível propor e aprofundar algumas reflexões sobre a educação a partir da inclusão de alunos com surdocegueira. Pudemos constatar que a chegada desses alunos provocou, em um primeiro momento, resistência por parte de alguns profissionais. Entretanto, ações coletivas garan-tiram a entrada e a permanência desses alunos, com qualidade, na rede municipal de ensino. As reflexões seguiram duas categorias de análise: a concepção de educação dessas profissionais especializadas e a questão de como a ideia de normalidade comparece na EMEBS. Foi possível propor palavras-síntese para representar o olhar dessas educadoras: direito, acolhimento, respeito e responsabilidade. A soma desses diferentes olhares propiciou a inclusão, libertando esta palavra de sua origem etimológica, que remete à ideia de clausura. A reestruturação das EMEBS, a opção pelo exercício da profissão na rede pública e as experiências passadas dessas educadoras, favoreceram o estabelecimento de um repertório que permitiu a formulação de respostas novas. Foi possível perceber que a EMEBS é um lugar que tem estabelecido teias de relações, não apenas com outros profissionais da rede municipal de ensino, como também com pessoas da Comunidade Surda e pessoas com surdocegueira adultas, constituindo-se como um espaço bicultural. Essa reflexão passou a apresentar-se como chave para a compreensão da perspec-tiva inclusiva. Este trabalho também buscou registrar uma versão que se afasta do discurso do fracasso da educação pública