Perspectivas de profissionais sobre a trajetória inicial de comunicação de um sujeito com surdocegueira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Mata, Simara Pereira da [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150149
Resumo: A linguagem e a comunicação em pessoas com surdocegueira pré-linguística são a base de todo o processo de desenvolvimento desses sujeitos e, sem dúvida, trata-se de uma das maiores dificuldades para os profissionais que os assistem. Dentro desse contexto, esta pesquisa, de abordagem qualitativa do tipo descritivo, teve como objetivo identificar, na perspectiva de profissionais que atuaram com um sujeito com surdocegueira pré-linguística, aspectos da comunicação utilizados em contextos diferentes de atendimento. Participaram do estudo uma pedagoga de um centro de especialidades da área da saúde, uma fonoaudióloga de um centro de equoterapia e os professores das seguintes áreas e/ou setores de atuação: Atendimento Educacional Especializado, classe comum, Educação Física, Arte e uma agente educacional de uma escola de ensino regular. A pesquisa foi realizada nos locais de atuação profissional dos respectivos participantes, por meio de entrevista semiestruturada, tendo como apoio um roteiro. Os dados foram tratados a partir de análise de conteúdo, tendo como base a temática da comunicação. As categorias estabelecidas foram: primeiras tentativas de comunicação; desenvolvimento de conceitos; comunicação multimodal; linguagem receptiva; e linguagem expressiva. Inicialmente, foram apresentados os resultados sobre considerações gerais desses profissionais que auxiliaram na discussão. Posteriormente, foram expostos e discutidos os resultados das categorias, os quais indicaram que: as primeiras tentativas de comunicação dos profissionais com o sujeito aconteceram por intermédio do estabelecimento de vínculo, objetos de referência, tentativas de introdução de sinais isolados, insinuações táteis e dificuldades de interpretação de situações comunicativas. Em relação ao desenvolvimento de conceitos, as principais estratégias indicadas pelos participantes eram a antecipação da comunicação, através de objetos de referência, mas de uma forma que o sujeito “nomeasse” (gerasse função) tais objetos, por meio de uma abordagem de comunicação multimodal e, ainda, estratégias para desnaturalização de objetos. Na categoria de comunicação multimodal, os relatos apontaram o uso de possíveis resíduos auditivos, do olfato, tato e sentido gustativo, o emprego simultâneo e isolado dos sentidos proprioceptivos e cinestésicos e a introdução de aspectos da língua de sinais, como sinais isolados e adaptados. Referente à categoria de linguagem receptiva, foi possível observar perspectivas que revelaram respostas do sujeito diante de objetos de referência, ação com objeto, de pista tátil, instrução com movimento coativo e insinuação tátil padronizada. E, por fim, em relação à linguagem expressiva, os relatos evidenciaram a expressão do sujeito com surdocegueira, pela identificação de objeto, expressões faciais e corporais, vocalizações, gargalhadas e sorrisos, troca de materiais e objetos, recusa gestual e pedidos. Os dados obtidos permitiram concluir que, embora não se tenha priorizado uma introdução de um Sistema de Comunicação Alternativa ao longo do desenvolvimento de Mike, na perspectiva de todos os profissionais, houve indicadores de intenção comunicativa na linguagem. Isso mostra que, mesmo sem uma sistematização desse trabalho, os profissionais conseguiram introduzir aspectos fundamentais nesse desenvolvimento de linguagem, o que permite, a partir de agora, explorar aspectos de representação simbólica da linguagem do sujeito.