Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Pereira, Carlos Arthur Avezum |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27158/tde-07072017-113437/
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Resumo: |
Na década de 1990 assistimos a uma tendência na música experimental localizada em diferentes países, a qual pode ser reconhecida como uma volta para o silêncio. Essa tendência é identificada na música do coletivo internacional de compositores-performers Wandelweiser com sede na Alemanha, no estilo Berlin Reductionism da cena Echtzeitmusik na cidade de Berlim, no Onkyô na cidade de Tóquio, no estilo lowercase/quiet microsound que é descentralizado geograficamente, além de outros. A notável relação com o silêncio de 4\'33\" composta em 1952 por John Cage, considerado o criador da música experimental, levanta questões sobre se essa volta para o silêncio poderia ser uma farsa como a recuperação de um dispositivo das vanguardas de meados do século XX ou se ela seria algo diferente disto. O primeiro objetivo deste trabalho é o de \'compreender\' a escuta desse \'novo silêncio\'. Nota-se que o aspecto conceitual do silêncio dessa nova tendência na música experimental é algo de menor expressão se comparado com o seu aspecto \'afetivo\'. Dessa forma, optou-se por uma metodologia especulativa para saber o que o silêncio da recente música experimental \'faz\' no ouvinte ao invés de saber o que esse silêncio \'significa\'. A metodologia é fundamentada pela Teoria do Afeto que consiste em uma volta no início deste século para a filosofia da imanência de Baruch Spinoza, ressignificada por Gilles Deleuze, Félix Guattari e outros. O método utilizado é o de meta-modelização de Guattari em que a interação de conceitos geram novos conceitos desconhecidos que, dessa forma, permite o devir de elementos que frequentemente escapam dos modelos baseados na representação. Argumentamos primeiramente que a escuta do silêncio na recente música experimental é uma escuta corporal, visto que seu silêncio é afetivo. Para chegarmos a tal resultado, partimos inicialmente de uma análise dos choques tanto das manifestações vanguardistas quanto os do mundo capitalista que, embora sejam de domínios diferentes ambos expressam um potencial para o estudo da recepção corporal. Em seguida, definimos uma noção de recepção corporal por meio do conceito de Corpo-sem-Órgãos. Em um terceiro momento discutimos a possibilidade de um modelo teórico que aborde a escuta para o que está além do som, ou seja, uma escuta corporal do som inaudível, indicando um uso estendido dos modelos \'correlacionistas\' de escuta de Pierre Schaeffer e de Seth Kim-Cohen. Então apresentamos uma série de pesquisas e trabalhos artísticos sob a luz da Teoria do Afeto, além dos conceitos de \'masoquismo produtivo\', \'ruído afetivo\' e \'escuta afetiva\'. Finalmente apresentamos as recentes cenas da música experimental silenciosa que, com o auxílio da interação entre os conceitos discutidos anteriormente e o discurso de músicos e pesquisadores envolvidos com essas cenas torna-se possível especular que o seu silêncio afetivo pode promover um agenciamento para restabelecer a capacidade micropolítica da escuta atuar no ambiente. Essa pesquisa pretende assim contribuir com uma investigação sobre música no campo da Teoria do Afeto e uma investigação do afeto nos campos dos Estudos do Som e da Musicologia. |