A escuta como ato de composição

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Germano, Gustavo Branco
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27158/tde-09032021-004732/
Resumo: Esta dissertação procura entender determinadas práticas de escuta como atos de composição. Reconhecemos essa forma de atuação da escuta em trabalhos de música experimental e arte sonora, propondo um recorte voltado para o que chamaremos de não-ficcional. Para a delimitação desse objeto de pesquisa, propomos uma reflexão sobre a forma como concepções ambíguas de real, realismo e verdade permeiam ou tangenciam diversos discursos ligados à fonografia, à música, e aos estudos do som. Dentro desse recorte, buscamos entender de que formas a escuta se consolida como uma ação essencialmente criativa, capaz de reorganizar e atribuir diferentes significados aos sons que a rodeiam. Iniciamos nosso trabalho com uma investigação sobre a diversidade de modos pelos quais a escuta pode atuar, fazendo uma revisão bibliográfica de diferentes tipologias de escuta e trazendo exemplos de composições musicais nas quais um papel criativo é atribuído a ela. Em seguida, examinamos o uso da fonografia como forma de representação de sons cotidianos em trabalhos de música eletroacústica, gravação de campo e arte sonora, traçando paralelos com teorias ligadas à fotografia e ao documentário cinematográfico. Por fim, fazemos uma análise de três trabalhos artísticos recentes que empregam gravações de campo como elemento central - Heard Laboratories (Ernst Karel, 2010), Mar Paradoxo (Raquel Stolf, 2016) e Green Ways (Áine O\'Dwyer e Graham Lambkin, 2018) -, e duas composições da década de 1990 que utilizam a partitura como forma de direcionar a escuta de seus ouvintes para determinados aspectos dos sons que os rodeiam - Space (Michael Pisaro, 1994) e Purposeful Listening in Complex States of Time (David Dunn, 1997-1998). Com esse percurso, pretendemos mostrar que o papel desempenhado pela escuta, tanto nessas quanto em outras práticas associadas ao não-ficcional, muitas vezes pode ser interpretado como uma ação de composição. Assim, esperamos contribuir com a crescente onda de estudos dedicados à compreensão da atividade da escuta em diferentes contextos.