Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Lesnau, Giuliano Gustavo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10132/tde-12092014-161525/
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Resumo: |
O mecanismo do estresse já é conhecido e apresenta dois momentos: o estresse agudo que libera fatores termogênicos e inflamatórios mediados por Interleucina 6 (IL6) e o crônico que busca a supressão da reação inflamatória e é mediado pela presença de cortisol. Quando cães abandonados são alojados em abrigos, também passam por um momento de adaptação, entretanto não existe até o momento um programa de ressocialização destes cães instituído em nível governamental, visando o bem estar junto a seus novos donos. A intervenção da ressocialização neste momento, a correlação do comportamento de cães com parâmetros fisiológicos e endócrinos relativos ao estresse ainda não foram descritas, o que suscita a hipótese de que a mesma possa amenizar os impactos traumáticos do abandono. Foram utilizadas 27 cadelas divididas em 3 grupos: com donos, abandonadas não treinadas e abandonadas treinadas. As cadelas abandonadas e treinadas foram depois adotadas. O adestramento durou 15 min/dia por 21 dias. A avaliação comportamental (etograma e etoteste) foi realizada a cada 7 dias e a avaliação dos parâmetros fisiológicos (frequência cardíaca, frequência respiratória, taxa de oxigenação sanguínea, pulsação) bem como a coleta de saliva, diariamente. Após a adoção, os grupos foram acompanhados por mais uma semana. Os dados foram analisados por ANOVA, após verificação da normalidade dos mesmos. A correlação entre os parâmetros foi analisada por meio do teste de correlação de Pearson. Os valores foram considerados diferentes para p<0,05. O resultado mais surpreendente foi a manutenção da IL6 em níveis baixos após a cirurgia de castração nas cadelas treinadas, enquanto os outros dois grupos, submetidos à mesma cirurgia tiveram elevação significativa desta citocina. Os resultados do treinamento foram mais evidentes nos etogramas após a adoção: houve melhora da interação dos cães com a nova família, aumento das atitudes de brincadeira, e maior receptividade aos novos donos. O abanar de cauda como comportamento de comunicação apareceu com frequência muito maior nas cadelas treinadas depois de adotadas. Cadelas não treinadas após a adoção manifestaram mais comportamento de ociosidade, desestímulo e depressão, reduzindo seu estado de alerta. Estes resultados sugerem que o evento do adestramento tranquiliza as cadelas no ambiente estressante do abrigo, melhora seus parâmetros fisiológicos, controla comportamentos de medo tornando-as mais aptas a se adaptarem melhor após a adoção. Não houve diferenças no cortisol entre os três grupos (p > 0,05). No entanto, a concentração de IL6 foi menor nos cães treinados em relação aos demais (p < 0,05). No que diz respeito ao etoteste, houve correlação negativa entre IL6, sociabilidade e treinabilidade em todos os grupos (r=-0,48 a -0,72; p<0,04) e com temperamento somente nos cães abandonados (r=-0,72; p=0,02). Após a adoção, observou-se correlação positiva entre o cortisol e treinabilidade no grupo de cães treinados (r = 0,99; p<0,0001). O adestramento permitiu maior aprendizado e concentração e maior socialização dos cães após a adoção. O aumento de IL6 interfere negativamente nesta ressocialização. Sugerimos que o cortisol contribua para a treinabilidade e aumento de IL6 seja um indicativo de falta de bem-estar. |