Protocolos de habituação de manejo em vacas leiteiras Gir e em novilhas taurinas de corte sobre respostas fisiológicas e comportamentais

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Ujita, Aska
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Animal behavior; Animal stress; Comportamento animal; Cortisol; Estresse animal; Milk production; Ocitocina; Oxytocin; Produção de leite
• Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/74/74131/tde-01082022-151527/

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de protocolos de habituação ao manejo em vacas de leite da raça Gir e em novilhas de corte de diversas raças europeias sobre respostas fisiológicas e comportamentais. No estudo com animais da raça Gir foram realizados dois experimentos para avaliar (1) o efeito do treinamento de rotina de ordenha em novilhas e (2) o efeito do estímulo tátil positivo em novilhas nuliparas e vacas multíparas no corredor do curral sobre as características de comportamento, concentração de cortisol e ocitocina, expressão dos receptores chave de ejeção de leite e rendimento de leite. Ambos os protocolos foram realizados durante o período pré-parto por 14 dias. Em cada experimento foram utilizados 40 animais, metade pertencia ao grupo que recebia o protocolo de habituação e a outra metade ao grupo controle (sem protocolo de habituação). Em geral, o grupo com protocolo de habituação apresentou uma melhora no comportamento na entrada da sala de ordenha, na pré-ordenha e nos procedimentos de ordenha em comparação ao grupo controle (p ≤ 0,05). Não foram observados efeitos dos protocolos de habituação na produção e composição do leite; entretanto, vacas habituadas apresentaram maiores níveis de ocitocina, menores níveis de cortisol e menor leite residual quando comparadas às vacas controle (p ≤ 0,05). Além disso, vacas habituadas aumentaram a expressão dos genes dos receptores de prolactina, ocitocina e 5-hidroxitritamina e diminuiu a expressão do gene do receptor de cortisol nas células mamárias (p ≤ 0,05). Neste primeiro estudo concluiu-se que a habituação diminuiu a expressão dos receptores de glicocorticóides, regulou positivamente a expressão de prolactina, ocitocina e 5-hidroxitritamina, melhorou o comportamento e temperamento na ordenha, e diminuiu o leite residual das vacas Gir. No estudo com novilhas taurinas, o objetivo foi determinar o impacto de diferentes protocolos de habituação no comportamento, fisiologia e temperamento de bovinos de corte em resposta ao manejo. Novilhas de corte foram expostas a três estratégias de habituação: (1) estimulação tátil no corredor do tronco por sete dias consecutivos (STI; n = 18); (2) passagem pelo corredor do tronco por sete dias consecutivos (CHU; n = 19) e; (3) sem habituação (CON; n = 19). A frequência respiratória individual das novilhas (RR; n/min), a temperatura vaginal interna (VAGT; °C) e o cortisol sanguíneo foram medidos. Além disso, parâmetros de comportamento foram observados para gerar uma pontuação de comportamento, e a interação da novilha com os alunos e suas respostas comportamentais foram registradas. A habituação com STI e CHU resultou em melhores escores comportamentais em comparação com CON e latências de manuseio maiores (p ≤ 0,05). A temperatura vaginal diminuiu no grupo STI em comparação com os grupos CHU e CONT (p ≤ 0,05). A concentração de cortisol não diferiu entre os tratamentos, mas diminuiu (p ≤ 0,05) desde o início do experimento até 14 dias após o início do tratamento. Neste estudo se concluiu que ambos os protocolos de habituação mostraram benefícios, entretanto, as novilhas que receberam a estimulação tátil no tronco tiveram melhorias de comportamento. Além disso, essas novilhas responderam com mais calma durante as interações humano-animal, o que é benéfico para a segurança. Em geral, os achados destes estudos mostram que é relevante aprimorar a interação humano-animal, com finalidade de melhorar a eficiência produtiva do animal, seu comportamento, facilitando o manejo e incluir o conceito de bem-estar na propriedade e instituições de ensino e pesquisa. Ainda, estudos com habituação ou treinamento de gado bovino são escassas, principalmente quando tratamos de animais leiteiros zebuínos ou de corte.