Quem vê perfil não vê coração: a ferida narcísica de desempregados e a construção de imagens de si no Facebook e no LinkedIn

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Barros Júnior, Antônio Carlos de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-28052014-110956/
Resumo: A presente pesquisa visou a responder à questão de como se dá a articulação, nas redes sociais virtuais, em particular no Facebook e no LinkedIn, entre a dinâmica narcísica pós-moderna (em que os sujeitos são estimulados a gozar narcisicamente e impelidos a vender-se constantemente para conquistar seu lugar nesta sociedade do espetáculo) e a economia do desejo e do gozo de sujeitos em situação de desemprego. Dado que a condição de desemprego é socialmente desvalorizada (ou seja, representa uma ferida narcísica para muitos sujeitos), numa sociedade movida por uma dinâmica de estímulos narcísicos de seus membros, o objetivo foi apreender que discursos manifestos e inconscientes sujeitos que estão desempregados produzem nas redes sociais virtuais. A abordagem adotada foi qualitativa, com a base teórica sendo um recorte da psicanálise freudo-lacaniana, em particular no que se refere aos conceitos de inconsciente, desejo, gozo e narcisismo. O método utilizado foi a chamada netnografia adaptação da etnografia para comunidades online. Os instrumentos de pesquisa foram: I) observação e coleta de dados de perfis (posts, descrição, etc.), durante períodos que variaram de 5 meses a 1 ano e 10 meses (entre janeiro de 2012 e outubro de 2013), de 10 usuários do Facebook e do LinkedIn, residentes no Estado de São Paulo, Brasil, que estavam em situação de desemprego; II) entrevistas abertas com esses usuários através de mensagens privadas trocadas com eles por meio das próprias redes sociais; III) anotações de campo. A principal conclusão é a de que sujeitos em situação de desemprego usam o Facebook e o LinkedIn de forma a tentar tamponar a ferida narcísica, na sua imagem para o outro, que o desemprego representa, nesta sociedade do espetáculo em que vivemos. Fazem isso construindo imagens de si, nessas redes sociais, selecionando o que publicam e elidindo seu sofrimento ligado à condição em que estão, tentando parecer que gozam imageticamente como os outros usuários delas, mesmo que possam estar consideravelmente mais fragilizados que eles, desejando ser reconhecidos pelo outro, independentemente da condição em que estão