O clima escolar e sua associação com a vitimização e a polivitimização por violência contra adolescentes do município de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Letícia Araujo Moreira da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-29112022-114117/
Resumo: Muito se sabe sobre os efeitos da vitimização por violência no desenvolvimento de crianças e adolescentes e no desempenho escolar. A vitimização por violência está associada não apenas a comprometimentos na saúde física e mental como também pode agravar o estabelecimento de relações interpessoais e o desenvolvimento psicossocial dos/as adolescentes. A polivitimização por diferentes tipos de violência é um fenômeno ainda pouco estudado na literatura cientifica, mas que apresenta dados de prevalências preocupantes. O estudo sobre fatores e características de ambientes que podem exercer um papel protetor contra a vitimização por violência se apresenta como uma possibilidade para a oferta de programas de prevenção efetivos. A escola, enquanto instituição educativa e promotora do desenvolvimento de crianças e adolescentes, possui potencial para ser um dos ambientes protetivos. Poucos estudos exploraram os possíveis efeitos do clima escolar na vitimização e polivitimização por violência em diferentes contextos. A nossa hipótese é que o clima escolar pode funcionar como um importante fator de proteção para as vitimizações por violência e que, quanto melhor a percepção dos estudantes sobre o clima escolar, menor será a ocorrência de vitimizações, na medida em que a escola é reconhecida como espaço que confere segurança e oportunidade para se estabelecer relações protetoras. Exploramos essas hipóteses em um estudo de corte transversal composto por uma amostra representativa de adolescentes que cursavam o 9º ano do Ensino Fundamental II do município de São Paulo no ano de 2017. O objetivo do estudo foi analisar como a percepção dos estudantes sobre o clima escolar se associa à vitimização por diferentes tipos de violências e a polivitimização. Para análise dos dados foram utilizadas a regressão logística e a regressão logística multinomial brutas e ajustadas. Os resultados apontaram uma associação negativa entre o clima escolar e a vitimização por todos os tipos de violência e a polivitimização. Observamos ainda que o clima escolar bom exerceu um efeito protetor maior do que o clima escolar intermediário em todos os casos, com OR menores do que os encontrados com o clima intermediário (práticas disciplinares parentais violentas: clima escolar bom 0,35; violência grave 0,44; bullying 0,20; violência comunitária média 0,56, e alta 0,26, vitimização por 2 a 3 tipos 0,84; vitimização por 4 a 6 tipos 0,47 e polivitimização 0,17). Os nossos resultados demonstram que climas escolares positivos, dotados de boas percepções sobre segurança, justiça e equidade em relação às normas e regras, apoio às dificuldades escolares, com bons relacionamentos interpessoais dos adolescentes entre si e destes com os professores, podem funcionar como fatores protetores importantes para a vitimização e polivitimização por violência contra adolescentes